Em um discurso a estudantes e professores da Universidade Católica do Chile, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a Rússia tenta impedir contatos da Ucrânia com países da América Latina e pediu que os líderes da região intensifiquem as relações bilaterais com Kiev. Quase seis meses após o início da invasão russa à Ucrânia, Zelensky falou pela primeira vez, por videoconferência, à América Latina, e pediu também que os líderes da região apoiem as sanções a Moscou.
— Creio que não temos comunicações suficientes entre nossos países em nível dos líderes, em nível de relações bilaterais, e acho que isso tem que ser corrigido — afirmou o presidente, ao responder a pergunta de uma jornalista. — É preciso entender que a Federação Russa trata de impedir nossos contatos com países da América Latina, porque tem sua própria influência [na região].
Líderes da América Latina expressaram diferentes posições em relação à invasão russa: enquanto alguns governos foram categóricos em seu apoio a Zelensky, outros mantiveram certa distância, caso do Brasil e Argentina, cujos presidentes, Jair Bolsonaro e Alberto Fernández estiveram em Moscou pouco antes do início da guerra.
O vice-primeiro-ministro russo, Yuri Borisov, também fez visitas à Venezuela, Nicarágua e Cuba, poucos dias antes do início da invasão. O México, por sua vez, relutou em impor sanções econômicas a Moscou, embora tenha votado a favor da condenação das ações russas na Assembleia Geral da ONU.
Já o presidente chileno, Gabriel Boric, condenou publicamente a guerra e se comunicou diretamente com o próprio Zelensky após tomar posse.
— Por razões ideológicas, o autoritarismo de Putin tem sido mais palatável para alguns líderes latino-americanos — escreveu o jornalista Rafael Romo em sua coluna na CNN em espanhol.
Em seu discurso nesta quarta, em que também respondeu a perguntas de estudantes, Zelensky disse que há “muitas dores em comum” entre seu país e a região.
— Temos uma sociedade que é forte, que está se defendendo. Falta nos conhecermos melhor. As relações bilaterais se constroem com a convivência — disse o presidente ucraniano, pedindo que jornalistas da América Latina visitem a Ucrânia para “que a verdade seja levada a seus países”. — Só assim poderão entender o que a Rússia fez conosco, e ver com seus próprios olhos as consequências da guerra.
Desde o início do conflito armado, que tem um alto custo humanitário e um grave efeito sobre a economia mundial, Zelensky realizou uma série de conferências pedindo ajuda internacional aos Estados Unidos e a diversos países da Europa e do Sudeste Asiático.
Falando na Universidade Católica do Chile, ele pediu que os países da América Latina se unam às sanções contra a Rússia.
— Quero se unam às sanções, para que a política seja ainda mais eficaz. Não mantenham comércio com a Rússia e impeçam a chegada de turistas russos à região.
Com informações O Globo