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Zelensky diz que guerra só pode acabar com a libertação da Crimeia

Presidente da Ucrânia eleva sua ambição e defende meta considerada totalmente inadmissível por Moscou.

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, atrelou o fim da guerra à libertação da Península da Crimeia, anexada unilateralmente pela Rússia em 2014.

— Esta guerra russa contra a Ucrânia e contra toda a Europa livre começou com a Crimeia e precisa acabar com a Crimeia. Com a sua libertação— disse Zelensky em seu discurso noturno na terça-feira. — A Rússia transformou nossa península, que sempre foi e será um dos melhores lugares da Europa, em um dos lugares mais perigosos da Europa. A Rússia trouxe repressão em larga escala, problemas ambientais, desesperança econômica e guerra para a Crimeia.

Zelensky acrescentou que “é impossível dizer” quando a libertação acontecerá, mas a Ucrânia está constantemente “adicionando os componentes necessários à libertação da Crimeia”.

O discurso aconteceu no mesmo dia de uma série de explosões na base militar de Saky, perto de Novofedorivka, no Oeste da Crimeia, que, segundo a Rússia, deixaram um morto e nove feridos. A base fica perto de resorts à beira-mar populares entre os turistas russos, cheios para o verão. Embora não tenha sido confirmado e a Rússia negue, há relatos extraoficiais de que a Ucrânia foi responsável pelo ataque.

Embora ainda seja reconhecida internacionalmente como parte da Ucrânia, à qual foi cedida no período soviético, a península do Mar Negro foi anexada pela Rússia em 2014, após um referendo reconhecido apenas pela Rússia e por seus aliados. O território abriga a frota russa do Mar Negro.

É comum na Ucrânia o entendimento de que a anexação significou o início da guerra do país com a Rússia, em uma escala menos intensa do que a partir de fevereiro deste ano. Zelensky reclamou da resposta internacional à agressividade russa há oito anos:

— O mundo está começando a reconhecer que cometeu um erro em 2014 quando decidiu não responder com força total aos primeiros passos agressivos da Rússia — afirmou.

As declarações de Zelensky significam uma intensificação das exigências ucranianas durante o conflito, e um afastamento ainda maior de uma via diplomática para o conflito. Por diversas vezes, o presidente ucraniano dissera pretender retornar às fronteiras de 24 de fevereiro deste ano, dia da invasão pelos Exércitos russos.

A meta de retomar a Crimeia é considerada pouco plausível do ponto de vista político. A maioria da população russa entende que a península é uma parte integral de seu território, e nenhum líder russo — seja Vladimir Putin ou um eventual substituto — poderia aceitar abrir mão dela. Caso visse o seu controle do território ameaçado, Moscou avaliaria o uso de armas nucleares.

Petróleo retomado

Nesta quarta, a Rússia retomou o fornecimento de petróleo para a Europa Central por meio de um oleoduto nesta quarta-feira, após a única refinaria da Hungria intervir para resolver uma disputa sobre o pagamento de uma taxa de trânsito, aliviando os temores de uma crise de oferta na região.

A Eslováquia começou a receber petróleo russo que cruza a Ucrânia, confirmou a refinaria húngara Mol Nyrt em comunicado na quarta-feira. O petróleo da Rússia chegará à Hungria a partir de quinta-feira. O acordo de pagamento de taxas de trânsito cobre apenas fluxos para a Eslováquia e Hungria, e não para a República Tcheca, de acordo com a Slovnaft, parte do Mol Group.

Uma vez totalmente restabelecidos, os fluxos resolverão um dos muitos riscos de abastecimento de energia enfrentados pela Europa. Se a suspensão se prolongasse, a Hungria — cujo premier, Viktor Orbán, é considerado o principal aliado de Putin na Europa — poderia ter sofrido escassez de combustível rodoviário.

No entanto, o continente ainda sofre com suprimentos limitados de gás natural russo e baixos níveis dos rios, que dificultam a distribuição de carvão e diesel.

Com informações O Globo

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