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Tiro ao Alvo e Gia: moradores contam origem dos bairros de Cruzeiro do Sul

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Alumínio, Tiro ao Alvo, Remanso, Telegráfo e Gia. Os nomes dos bairros de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, podem causar estranheza a quem chega de fora, mas para a comunidade local, no entanto, cada um deles faz parte da identidade e conta parte da história da cidade, fundada em setembro de 1904.

Para o documentarista Evandro Nogueira alguns bairros deveriam ser transformados em pontos turísticos e ele defende ainda que seja criado um arquivo da história das localidades.

“Cada bairro teve seu momento histórico. Alguns são centenários como é o caso do Telégrafo, onde foi montada a primeira antena de Rádio em 1912. Aquele local deveria ser preservado, deveriam pensar na construção de uma praça ou um espaço cultural. Lá no Aeroporto Velho ainda existe a primeira estação de passageiros. É um local ideal para se montar um espaço cultural”, diz.

Bairro da Jia (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)
Bairro da Jia recebeu esse nome por causa dos anfíbios que viviam na região. Atualmente uma fábrica de refrigerantes funciona no lugar (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)

Gia
Oficialmente o bairro se chama João Alves, em homenagem a um dos primeiros carteiros do município, porém, para os moradores da região ele é chamado de bairro da Gia, um sinônimo regional para rãs de tamanho maior que o comum. O nome incomum foi dado informalmente por um antigo morador e se popularizou. A grafia ficou gia, com “g” mesmo, diferente do “j” com que se escreve o nome do animal, segundo as regras gramaticais.

“Aqui nessa área havia um igarapé e quando se preparava para chover as jias passavam a noite cantando. Um senhor de nome Hugo Lopes, gerente da antiga Casa Pernambucana, que morou na parte de cima do bairro ouvia o som e apelidou de bairro da Gia. O nome pegou e ficou muito tempo”, conta o aposentado Mário Façanha da Costa, de 67 anos, um dos mais antigos moradores do local.

No local onde havia o igarapé, hoje há uma fábrica de refrigerantes, as jias, no entanto, permanecem no imaginário local. Assim como a antiga torre do telégrafo da cidade, que deu origem a outro bairro.

Base da Antiga torre do telégrafo de Cruzeiro do Sul hoje faz parte da casa de José Dantas (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)

Base da Antiga torre do telégrafo de Cruzeiro do Sul hoje faz parte da casa de José Dantas (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)

Telégrafo
“Não havia moradores, só a torre na época. Depois foi criado o bairro, meu pai veio morar aqui, vieram outras pessoas e hoje temos um bairro muito bom para se morar. É um local tranquilo e muito calmo”, conta o mecânico Evilázio Mateus Pequeno, de 65 anos.

A torre, que teria sido construída em 1912, já não existe mais no bairro do Telégrafo e no local em quem ela ficava hoje mora José Alciberto Dantas do Vale, de 51 anos. A pedra que sustentava a instalação, porém, resiste.

“Quando fui construir minha casa os trabalhadores tentaram, mas não conseguiram destruir a pedra. Ela tem em média 3m². Para mim é um privilégio, pois marca a história da comunicação em Cruzeiro do Sul. Ela vai ficar aí e fazer parte de minha casa permanentemente”, diz orgulhoso.Bairro do Alumínio (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)

Dos telhados de alumínio que simbolizavam a região ficou apenas a recordação (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)

Alumínio
Casado com uma sobrinha da primeira moradora do bairro do Alumínio, o microempresário José Maria da Silva Azevedo, de 62 anos, conta que por um acaso ela acabou dando origem ao nome do lugar.

“Antes as casas em Cruzeiro do Sul eram cobertas com telhas de barro. Quando dona Joelina fez a casa aqui cobriu com folha de alumínio. Depois vieram outras e outras todas cobertas de alumínio e o nome pegou. Passaram a chamar de bairro do Alumínio. Atualmente apesar das telhas de amianto e zinco ganharem a preferência na cidade, o bairro ainda tem 80% de suas casas cobertas de alumínio”, diz.Onde ficava o campo de tiros da Polícia Militar hoje há apenas vegetação (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)

Onde ficava o campo de tiros da Polícia Militar hoje há apenas vegetação (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)

Tiro ao Alvo
O nome pode dar a impressão que se trata de uma área perigosa, porém, segundo a aposentada Railda Gonçalves de Souza, de 64 anos, que vive no bairro Tiro ao Alvo desde os nove, diz que o local é pacato. “Aqui é muito bom de morar. Cheguei criança e já estou velha morando sempre aqui neste local”, diz.

Ela ainda explica a origem do nome da região. “Aqui os policiais do quartel faziam instruções de tiro. Daí ficou o nome e até hoje todo mundo só conhece o bairro assima”, diz.

Via: G1

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