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Soldado voluntário brasileiro morreu na Ucrânia, dizem outros combatentes

Família ainda não recebeu notificação oficial das Forças Armadas ucranianas ou do governo brasileiro.

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O soldado voluntário brasileiro André Hack Bahi, que lutava ao lado das forças da Ucrânia desde o final de fevereiro, morreu vítima de ataques russos, disseram outros três combatentes em mídias sociais.

Parentes de Hack Bahi disseram à reportagem que a família foi avisada de sua morte por outros militares brasileiros, mas que ainda não recebeu notificações oficiais nem das Forças Armadas da Ucrânia nem do Itamaraty. Procuradas, as autoridades ucranianas ainda não se manifestaram.

Por e-mail, o Ministério das Relações Exteriores disse que “não possui, no presente momento, confirmação sobre eventual falecimento de cidadão brasileiro em território ucraniano em decorrência do conflito naquele país”.

Segundo a Chancelaria, a Embaixada do Brasil em Kiev segue buscando mais informações sobre o caso e permanecerá à disposição para prestar a assistência cabível, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local.

“Assim como tem feito desde o começo do conflito, o Itamaraty continua a desaconselhar enfaticamente deslocamentos de brasileiros à Ucrânia, enquanto não houver condições de segurança suficientes no país”, afirmou o ministério.

Caso a morte seja confirmada, Hack Bahi, de 43 anos, seria o primeiro soldado brasileiro a perder a vida em combate durante a guerra.

Nascido em Porto Alegre e criado em Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul, ele chegou à Ucrânia no final de fevereiro pela fronteira com a Polônia, tendo ido até lá pagando a passagem do próprio bolso. Antes de ir para a Ucrânia ele esteve em Portugal, vindo de Fortaleza, onde morava.

Segundo a família, um soldado português testemunhou quando Hack Bahi foi alvejado.

Por já ter experiência de combate — além de ter servido e trabalhado como segurança privado no Brasil, ele já tinha feito parte da Legião Estrangeira da França —, rapidamente passou a integrar as Forças Especiais do Exército ucraniano, ao lado de outros dois brasileiros, Leanderson Paulino e André Kirvaitis.

Veja imagens de combatentes voluntários brasileiros na Ucrânia

Kirvaitis foi um dos primeiros a publicar sobre sua morte. No sábado, publicou em sua conta no Instagram uma mensagem pedindo algum contato da família de Hack Bahi. Horas depois, publicou outra mensagem de despedida ao colega de armas.

Mensagem de despedida do soldado brasileiro André Kirvaitis publicada em redes sociais — Foto: Reprodução

Não se sabe onde Hack Bahi estava na Ucrânia atualmente. No início da guerra, ele atuou perto de Kiev. Em entrevista ao jornal Zero Hora, disse que atuou em missões perto da capital, participando da destruição de blindados russos.

Formado em Enfermagem, Hack Bahi tinha três filhos que moram no Brasil: Álexyà, de 2 anos; Manuelle, de 9; e Leonardo, de 14 anos.

Dos três, acredita-se que só Kirvaitis ainda esteja em ação na Ucrânia, Segundo Kirvaitis, Leanderson Paulino deixou o país, supostamente por problemas familiares.

Na entrevista ao Zero Hora, Hack Bahi disse que ele e outros voluntários, que supostamente não são pagos, não foram “para matar, e, sim, para tentar trazer a paz”.

— Não somos nós que estamos bombardeando e matando civis, crianças — afirmou. — Carrego meus filhos comigo, [em fotos] no colete. Mas não me arrependo em nenhum momento e vou até o fim para ajudar o povo ucraniano, nem que isso custe minha vida.

Por O Globo

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