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Secretário de Desenvolvimento Urbano e Regional afirma ver erros em estudo sobre a estrada de Pucallpa e levanta debate

O recente estudo que fez a análise custo-benefício da interligação terrestre das cidades de Pucallpa, no Peru, e Cruzeiro do Sul, reacendeu o debate no assunto.

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foto: Arquivo Pessoal.

Redação Juruá Online

O recente estudo que fez a análise custo-benefício da interligação terrestre das cidades de Pucallpa, no Peru, e Cruzeiro do Sul, reacendeu o debate no assunto. Por 22 páginas, o documento do estudo feito pela iniciativa ambientalista Conservação Estratégia (CSF) discorre sobre os impactos que poderiam ser gerados pela derrubada da mata amazônica — como também das emissões de CO² — numa possível realização do projeto. O que chamou a atenção de muitos foi a conclusão da análise, que previu um prejuízo aproximado de 1 bilhão de reais na construção da estrada. 

Em coluna ao Contilnet, o secretário de Desenvolvimento Urbano e Regional do AC, Luiz Felipe Aragão Werklaenhg, levantou questões sobre a forma que a análise foi feita. Ele diz não desmerecer a forma como foi proposto o estudo, e fala a respeito da preocupação sobre um assunto tão polêmico para a população de ambos países.

“Minha primeira preocupação é que já na primeira página não são fornecidas informações sobre equipe técnica, as respectivas graduações dos autores, coordenadores do estudo e demais envolvidos, que demonstrem o conhecimento técnico para um assunto tão complexo de infraestrutura como o que está em pauta”, declara o secretário.

Segundo ele, na introdução do estudo já fica clara a importância do projeto ao ser apresentado que a única opção de via entre as cidades seria por uma rota terrestre de 2889 km — equivalente a 55 horas de viagem — que não é utilizada pela população local para transporte de cargas, dado o elevado custo para tal. Luiz Felipe afirma que, ainda no texto introdutório da análise, vê-se mais uma afirmação da importância do projeto, onde é mencionada a redução da distância em mais de 2700km e 53h — resultando em um percurso de aproximadamente 142,10km (no território brasileiro) numa viagem de 2h, considerando uma velocidade média de 80 km/h.

“Na parte onde o estudo aborda os impactos socioambientais, é mencionado que ‘devido às restrições de tempo, este estudo não visa calcular os potenciais impactos socioambientais associados ao projeto de construção da rodovia Pucallpa – Cruzeiro do Sul’ (pág. 14) o que, por si só, torna o conteúdo duvidoso. E, ainda nos impactos socioambientais, é citado que “No caso do Brasil, não há estudos sobre os potenciais impactos socioambientais que o projeto geraria.” (pág. 15), ressalta o secretário. 

Aragão afirma ainda que o estudo não deixa claro como concluiu o valor de R$ 1 bilhão, o qual inviabiliza o projeto: “A metodologia implementada foi o modelo RED (Roads Economic Decision Model), que visa valorizar os custos de desenvolvimento e manutenção em estradas, porém, o projeto da estrada Pucallpa-Cruzeiro do Sul, se trata da abertura de uma nova rodovia, ou seja, ainda não há tráfego a ser analisado, portanto o programa se adequaria melhor usando parâmetros para o desenvolvimento de rotas já existentes”.

Para ele, o estudo demora a apresentar valor de US$244.963.600,98, que foi demonstrado por meio de uma tabela de decomposição do impacto econômico do desmatamento com as seguintes categorias: carbono, bioprospecção, recuperação florestal, etc. “Mais uma vez, citam a restrição de tempo em que o estudo é submetido: ‘Como resultado da restrição de tempo, apenas os impactos negativos gerados pelas emissões de CO2 e, no caso do Brasil, foram explicitamente considerados’ (pág. 24)”.

Ele finaliza reafirmando não desmerecer a análise, e pede responsabilidade nos futuros estudos que podem ser apresentados sobre o tema — ou qualquer outro que tenha impacto na vida da população.

O estudo feito pela Conservação Estratégia (CSF) pode ser acessado aqui.

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