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Putin anuncia reajustes nas pensões e faz primeira visita a militares feridos na guerra

Presidente russo declarou que impactos do conflito não tiveram grande impacto na economia, contrariando especialistas internacionais e integrantes de seu governo.

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O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou um aumento de 10% nas pensões pagas pelo Estado e do salário mínimo, pontos principais de um pacote de ações para fazer frente às instabilidades na economia. As medidas foram confirmadas no mesmo dia em que ele visitou, pela primeira vez, militares feridos na invasão militar à Ucrânia.

Apesar da inflação anual ter se aproximado de 18% em abril, o presidente ressaltou que, em sua visão, esse índice não deverá ultrapassar os 15%, contrariando previsões feitas pelo Banco Central russo, em abril, que apontavam para taxa de até 22%. Em fala ao Conselho de Estado de Assuntos Sociais, Putin reconheceu que este deve ser um ano difícil, mas que isso não está ligado à guerra iniciada há três meses.

— Quando digo “difícil”, não significa que todas as dificuldades estejam ligadas à operação militar especial — disse Putin, usando o termo adotado pelo Kremlin para se referir à guerra. — Em países que não estão realizando operações, digamos, na América do Norte ou Europa, a inflação é comparável e, se olhar para a estrutura de suas economias, é até maior.

Para fazer frente à alta dos preços, Putin confirmou um reajuste de 10% nas pensões aos aposentados e trabalhadores desempregados, a partir do mês que vem, e no mesmo percentual para o salário mínimo, que passará a valer 15.279 rublos (R$ 1.221). Segundo o ministro das Finanças, Anton Siluanov, o impacto no orçamento será de 600 bilhões de rublos (R$ 42 bi) em 2022 e de 1 trilhão de rublos (R$ 80 bi) em 2023.

— Discutimos isso dentro do governo por muito tempo, houve disputas internas e uma solução foi elaborada — declarou Putin. Haverá ainda reajustes para militares, especialmente para as mulheres que tenham filhos, e para os que participam da invasão à Ucrânia.

Previsões sombrias

Hoje, a Rússia é alvo de uma série ampla de sanções econômicas ligadas à guerra, que atingem boa parte de seu setor financeiro, empresários ligados ao governo e figuras centrais do Kremlin. Contudo, instituições como o Fundo Monetário Internacional questionam até quando Moscou terá ferramentas à disposição para manter a economia funcionando, especialmente se medidas contra o setor de energia — base do financiamento do país — forem intensificadas pelo Ocidente e aliados.

Em abril, o FMI declarou que o PIB russo deve registrar retração de 8,5% em 2022, e a presidente do BC local, Elvira Nabiullina, declarou naquele mês que, embora indicadores macroeconômicos pareçam relativamente similares aos vistos em outras crises, os impactos reais ao país podem ser bem diferentes. Nesta quinta-feira, o BC deve anunciar um corte de até 4,5 pontos percentuais na taxa básica de juros, chegando a 9,5% ao ano.

De acordo com o banco VEB, mesmo com o aumento do salário mínimo e das pensões, a expectativa é de que a renda média dos russos tenha queda de 7,5% esse ano, e os salários sofram desvalorização real de 6%. A pobreza, afirma o banco, deve subir 1,6 ponto percentual, chegando a 12,6% ao final do ano.

Putin, no entanto, disse que as ações adotadas pelo governo devem evitar esse cenário catastrófico.

— As decisões que tomamos sustentam a demanda doméstica e, principalmente, a indústria doméstica. Como resultado disso, nossa economia tem uma dinâmica muito melhor do que alguns especialistas previam, e isso significa que novas indústrias e empregos serão abertos.

Também nesta quarta-feira, Putin fez sua primeira visita a militares russos feridos na guerra na Ucrânia. Em um hospital de Moscou, ele se referiu a eles como “heróis”, e distribuiu medalhas aos homens que, ao invés dos tradicionais trajes oficiais para ocasiões do tipo, usavam apenas pijamas.

— Ele sentirá orgulho de seu pai — disse, se referindo ao filho recém-nascido de um dos soldados.

Depois do encontro, Putin afirmou que aqueles militares “eram pessoas que estavam arriscando suas vidas e sua saúde em nome do povo e das crianças de Donbass [Leste ucraniano], em nome da Rússia”, e que “todos são heróis”.

Oficialmente, a Rússia diz que 1,351 de seus militares morreram e 3.825 ficaram feridos no conflito, mas os números, de março, não foram mais atualizados. A informação é questionada por serviços de inteligência ocidentais e pelos ucranianos, que anunciam um total de 28 mil baixas russas, algo igualmente considerado exagerado.

Por O Globo

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