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Projeto do povo Ashaninka coleta mais de 550 quilos de sementes para reflorestar cerca de 57 hectares em Marechal Thaumaturgo

Área reflorestada fica dentro da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo, interior do Acre. Sementes já foram plantadas e, no futuro, palmeiras servirão para cobrir casas da comunidade indígena.

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Uma área de aproximadamente 57 hectares foi reflorestada com sementes de diversos tipos de palmeiras coletadas entre o final de 2020 e este ano. Esse é o objetivo do Projeto Sementes, desenvolvido pela Cooperativa Ayõpare, do Povo Ashaninka do Rio Amônia. Para isso, os indígenas coletaram 550 quilos de sementes.

O Projeto Sementes faz parte do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre (PDSA), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Além da coleta, a iniciativa visa também apoiar a venda de sementes nativas para diversas partes do Brasil e do mundo.

As palmeiras são de diversas espécies, desde jarina, jaci, paxiúba, patoá, açaí, bacaba, entre outras. Essas sementes foram plantadas dentro da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo, interior do Acre.

“O projeto está muito centrado na alma e espírito Ashaninka. Nosso povo sempre trabalhou com sementes, uma diversidade muito grande de sementes que é utilizada no artesanato, que é da nossa indumentária. Também é muito forte em nossa cultura o replantio, reproduzir e ampliar as sementes. São cultivadas com muito cuidado”, destacou Francisco Piyãko, uma das lideranças da Aldeia Apiwtxa.

Durante todo o processo de seleção, foram escolhidas 855 matrizes de 29 espécies, com no mínimo 12 indivíduos. Essas sementes foram selecionadas da escolha de árvores saudáveis e com boa forma. O líder destacou também que os Anshaninkas têm sementes que são cultivadas e guardas há várias gerações nas terras indígenas.

Palmeiras serão usadas, no futuro, para cobrir as casas das aldeias  — Foto: Arquivo/Associação Apiwtxa

Palmeiras serão usadas, no futuro, para cobrir as casas das aldeias — Foto: Arquivo/Associação Apiwtxa

“Ultimamente, temos vivido uma política muito forte diante da necessidade de recompor algumas espécies nativas que a natureza está precisando repor pela exploração do homem. O homem retirou demais da natureza, então, adotamos de onde tem uma área alterada de floresta, tentar introduzir espécies raras ou em extinção, como o mogno, a cerejeira, copaíba e outros de valor comercial que estão fazendo falta na natureza”, pontuou.

Para isso, Piyãko contou que a comunidade trabalha com sistemas agroflorestais para incentivar a valorização e recuperação das áreas dentro das comunidades. Para o líder indígena, trabalhar com sementes é um trabalho sagrado.

“É estar mexendo com vidas, com o futuro, com a garantia de futuro”, frisou.

Cobrir casas e venda

Outra finalidade do Projeto de Sementes é utilizar, futuramente, as palheiras para fazer a cobertura das casas dentro da terra indígena. As palheiras também servirão para reflorestar as bordas dos açudes do projeto de Piscicultura da Comunidade.

Esta coleta foi feita para a gente fazer um grande plantio de palheiras, para a gente ter essas espécies perto da aldeia, pois utilizamos as folhas para cobrir as casas em nossa tradição e as palheiras estão ficando muito distantes”, afirmou o agente agroflorestal José Valdeci Piyãko.

Concluída a parte de plantio das sementes coletadas no final de 2020 e este ano, os indígenas iniciaram a produção de sementes de cedro, copaíba, mogno, entre outras espécies de madeiras. Essa coleta se estende até setembro e o que for coletado será comercializado.

Próxima fase do projeto é coletar sementes para comercialização — Foto: Arquivo/Associação Apiwtxa

Próxima fase do projeto é coletar sementes para comercialização — Foto: Arquivo/Associação Apiwtxa

“Estamos organizando uma expedição para coletar sementes de mogno, cedro e copaíba, que estão na época certa de coletar. Essa expedição dura pelos menos quatro dias”, disse o agente florestal.

O engenheiro agrônomo e técnico do projeto, João Ashaninka, explicou que as próximas sementes coletadas são mais leves e menores e devem dar um volume menor. A expectativa, segundo ele, é que ao longo de 2021 sejam coletados mil quilos de sementes.

“Foram até agora somente duas operações de coleta. Mas, o potencial é grande. Temos quase 500 hectares de áreas de coleta de sementes (ACS) demarcadas e certificadas. 12 espécies com o número necessário de matrizes marcadas e outras 40 com potencial. Temos uma parceria muito forte com o Centro Yorenka Tassorentsi do Benki Piyãko que tem uma grande área de terra a se reflorestada que vai adquirir essa semente da cooperativa”, afirmou.

Por G1

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