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Pesquisa aponta que Acre está entre os estados com alta incidência de Malária Gestacional

Amazonas, Acre, Rondônia e Pará com alta incidência da enfermidade em gestantes.

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Um mapeamento inédito sobre a incidência de malária entre gestantes brasileiras foi divulgado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).

O grupo analisou a série histórica da doença durante um período de 15 anos, envolvendo dados de 61.833 mulheres com malária gestacional no Brasil obtidos do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Malária (Sivep-Malária) do Ministério da Saúde. Os resultados apontaram municípios nos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Pará com alta incidência da enfermidade em gestantes.

A malária é uma doença febril aguda, potencialmente fatal. Globalmente negligenciada, ela é a principal doença parasitária afetando mais de 200 milhões de indivíduos e levando à morte de aproximadamente 500 mil indivíduos anualmente.

Durante um estudo realizado, foram analisadas quase 5 mil gestações de mulheres do Vale do Juruá (região responsável por 98,6% dos casos do estado do Acre, em 2018), além de gestantes procedentes de Guajará, Ipixuna e Eirunepé, no estado do Amazonas. A pesquisa observou que a malária causada pelo Plasmodium falciparum, quando ocorreu durante a gravidez, esteve significantemente associada à ocorrência da diminuição do perímetro cefálico. 

As grávidas são um dos principais grupos de risco para a malária – doença causada por protozoários do gênero Plasmodium e transmitida pelo mosquito Anopheles.

As gestantes infectadas correm mais risco de sofrer com anemia grave, parto prematuro, aborto e natimortalidade. Já o feto pode apresentar microcefalia ou ter seu crescimento prejudicado no útero, com impactos que costumam se estender para além do período gestacional.

“Estudos mostram que a infecção afeta o desenvolvimento e a função cerebral causando déficits cognitivos e neurológicos, consequência de condições como paralisia cerebral e epilepsia, tem associação com problemas respiratórios na infância e faz com que a criança tenha maior propensão a infecções, além do risco maior de desenvolver na vida adulta doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial”, diz Marinho.

As gestantes foram o foco do levantamento conduzido pela pós-doutoranda do instituto da USP Jamille Dombrowski, em parceria com pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP.

O grupo analisou a série histórica da doença durante um período de 15 anos, envolvendo dados de 61.833 mulheres com malária gestacional no Brasil obtidos do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Malária (Sivep-Malária) do Ministério da Saúde. Os resultados apontaram municípios nos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Pará com alta incidência da enfermidade em gestantes.

O levantamento também possibilitou apontar o grupo de maior risco do quadro, que são as gestantes mais jovens, especialmente aquelas entre 15 e 24 anos. Isso porque é nessa faixa etária que se encontra o maior número de mulheres na primeira gestação (primigestas). Nesses casos, a imunidade específica contra as formas do Plasmodium que se instalam na placenta é mais baixa, pois ela é adquirida após gestações sucessivas.

“Também é importante lembrar que na região Norte do Brasil as gestantes primigestas são muito jovens e seu tempo de exposição ao protozoário é menor por causa do pouco tempo de vida, fazendo com que seu organismo tenha menos proteção contra ele”, explica o pesquisador.

Após avaliação do aspecto epidemiológico, os pesquisadores passam a investigar o diagnóstico precoce de uma complicação da doença, a malária placentária.

Geralmente, as grávidas não apresentam sintomas, mas podem estar com o parasita na placenta – condição conhecida como malária placentária – e a constatação da doença só é feita após o nascimento do bebê, sem a possibilidade de intervenção ou tratamento.

Por esse motivo, Dombrowski está trabalhando em um novo projeto que visa identificar biomarcadores de rápida mensuração e custo acessível para que sua análise possa ser introduzida na rotina do pré-natal.

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