booked.net

Onças que mataram flamingos no Parque das Aves eram mãe e filhote aprendendo a caçar, diz pesquisadora

Após o ataque, foram registradas as mortes de 172 dos 176 flamingos do local; parte foi atacada e a outra não aguentou o estresse, segundo a administração do Parque das Aves.

Compartilhe:

As duas onças-pintadas que atacaram o recinto de flamingos no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, eram mãe e filhote. Segundo o Projeto Onças do Iguaçu, o carnívoro adulto ensinava o mais jovem a caçar, em um processo natural para este tipo de predador.

Após o ataque, foram registradas as mortes de 172 dos 176 flamingos do local. Parte morreu pela caça e outra pro estresse, conforme a administração do Parque das Aves.

A ação dos predadores aconteceu por volta da meia-noite dessa terça-feira (9) e foi registrada por uma câmera de monitoramento.

As onças que atacaram os flamingos estão entre as 28 monitoradas no Parque Nacional do Iguaçu, de acordo com população estimada pelos órgãos ambientais. A mãe, acompanhada desde 2018, teve o primeiro filhote neste ano.

“No começo do ano, esta onça atingiu a maturidade e, neste ataque ao recinto dos flamingos, estava ensinando o filhote a caçar. É um processo natural para um carnívoro predador. O filhote acompanha a mãe por dois anos, até caminhar por conta própria. Precisamos destacar que o que aconteceu foi uma fatalidade”, disse a pesquisadora Yara Barros, coordenadora do Projeto Onças do Iguaçu.

Mãe e filhote pularam a cerca e invadiram o recinto dos flamingos chilenos e africanos. Seis aves foram resgatadas, mas apenas quatro sobreviveram. Segundo a pesquisadora, a população não precisa temer o ataque de onças.

“São 80 anos do Parque Nacional e não tem nenhum registro de ataque de onças a seres humanos. Elas se escondem e as pessoas não precisam se preocupar, porque o refúgio e moradia delas é a mata”, destacou.

Espelhos instalados no recinto eram para os flamingos pensarem que existiam mais da mesma espécie, no Parque das Aves — Foto: Parque das Aves/Divulgação

Espelhos instalados no recinto eram para os flamingos pensarem que existiam mais da mesma espécie, no Parque das Aves — Foto: Parque das Aves/Divulgação

O Parque das Aves existe há 27 anos e nunca havia registrado um ataque de onças. O local conta com sistemas de proteção aos predadores, pois é vizinho ao Parque Nacional do Iguaçu.

“As onças-pintadas não entraram em extinção pelo esforço de conservação da espécie. As pessoas precisam apoiar isso e não temer. Ações de conservação desta espécie se mantêm necessárias”, salientou Yara Barros.

Investigação

A diretora de engajamento e sustentabilidade do Parque das Aves, Luciana Leite, informou que a equipe da unidade está investigando a morte dos flamingos.

“Nossa equipe veterinária está fazendo esse trabalho de autópsia, investigando de fato o que levou esses animais a óbito. É muito comum em aves o que a gente chama de miopatia de captura, diante de uma situação de estresse presenciada, esses animais vem a óbito mesmo sem serem atacados diretamente por uma onça”, afirmou.

Segundo a diretora, apenas um trabalho de autópsia vai precisar quantos animais tiveram interação direta com as onças e quantos morreram pela miopatia.

Flamingos

Os flamingos chegaram ao parque em 1995, quando as aves foram resgatadas no Chile. Em 2001, nasceram os primeiros filhotes.

Segundo a administração do parque, foram anos de trabalho de conservação prejudicados pelo ataque das onças.

Os flamingos são um dos principais atrativos do Parque das Aves. O nascimento deles em setembro de 2020 trouxe momentos de celebração à vida. Em 2019, as aves ganharam destaque depois de serem estimuladas a passear e tomar banho pelo local.

Onças

De acordo com o projeto Onças do Iguaçu, ao todo, o bioma da Mata Atlântica conta com cerca de 250 a 300 onças-pintadas.

Desse total, 105 delas estão na região do corredor verde, que abrange os lados brasileiro e argentino do parque, conforme o último censo de 2018. Sendo que 28 delas foram registradas no Brasil.

Os dados sobre os felinos são coletados desde 2009 pelos especialistas dos projetos Onças do Iguaçu, de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, e Yaguareté, de Porto Iguaçu, na Argentina.

O projeto informou que um novo censo da espécie será divulgado em 29 de novembro, no Dia Nacional da Onça-pintada, com informações do levantamento feito nos dois países entre 2020 e 2021.

A onça-pintada é um predador de topo de cadeia e uma espécie que tem grandes requerimentos de habitat, por isso, a existência dela indica a qualidade dos ambientes onde vive.

O Parque Nacional do Iguaçu é um refúgio para as onças-pintadas e uma das áreas mais importantes para sua sobrevivência no bioma, conforme o projeto.

Por G1

Compartilhe:

LEIA MAIS

Rolar para cima