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No Acre, padres consideram decisão de ministro do STF sobre igrejas imprudente e pastores comemoram

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Em meio ao pior momento da pandemia de covid-19 o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, liberou a realização de cultos e missas em todo país. A decisão se refere a uma ação de março do ano passado da Associação dos Juristas Evangélicos que questionava os decretos dos Estados e municípios de suspensão das atividades religiosas nos templos.

Em caráter liminar, a decisão será analisada pelo plenário do STF.

Os líderes católicos consideram imprudente o ato do ministro. Já os evangélicos comemoraram.

O presidente da Associação dos Ministros Evangélicos do Acre (Ameacre), pastor Paulo Machado, afirmou que Kassio Nunes Marques cumpre a Constituição Federal.

“Em relação a essa decisão, antes tarde do que nunca. Justo, justíssimo. Cumprindo a Constituição. O artigo 5º nos dá direito de culto e isso é inegociável, ainda mais agora com proteção. Como ocorreu lá em Belo Horizonte em que o prefeito disse que não iria cumprir a decisão do ministro e aí o ministro moveu uma intimação, uma determinação se caso não fosse cumprido a Polícia Federal faria o seu papel. O direito de culto é um direito constitucional, a proteção dos locais de culto idem. E a igreja tem sido o fiel da balança. A igreja funcionando nós sabemos que temos uma trincheira para nos proteger e invocar uma saúde espiritual e mental necessária para aqueles que estão enfrentando esse desafio tão grande que é a covid. Nada mais justo do que a igreja estar trabalhando com todo protocolo com tudo aquilo que for necessário.”

O apóstolo Alexandre Bastos, líder do Ministério Nova Aliança, também considera que o ministro apenas cumpriu um princípio constitucional. Bastos afirma que os templos religiosos são um ambiente seguro pois cumprem todos os protocolos sanitários.

“Os decretos que são colocados pelos prefeitos e governadores são complicados demais. O ministro Nunes Marques validou a Constituição. A Constituição estava sendo violada, porque é um direito fundamental. As questões dos cultos, aí independente de ser católico ou evangélico ou de qualquer que seja a religião é uma questão fundamental, isso foi definido na Constituinte de 88. É claro que tem o nosso apoio, porque se existe um lugar seguro, e o lugar onde é respeitado o distanciamento social de maneira rigorosa na entrada e durante toda programação da igreja, a disponibilidade do álcool em gel, as questão também do aferimento de temperatura, o uso de máscara, é a igreja. Se for comparar a igreja a um supermercado onde as pessoas estão tocando constantemente nos produtos, se for comparar a igreja a uma lotérica, a uma agência bancária, a um transporte público, não tem como comparar.”

Já o padre Massimo Lombardi, missionário católico no bairro Cidade do Povo, vê contradições em regras e decretos. Ao contrário do que acha o apóstolo Alexandre, que enxerga as igrejas como ambiente seguro, o líder católico observa uma enorme falta de cuidado nas igrejas, por exemplo, com o distanciamento.

“As mortes estão aumentando. As igrejas em termos gerais estão se desviando dos seus objetivos de salvar vidas. Tem muitas igrejas sem responsabilidades. Eu vejo passando pelas ruas da Cidade do Povo, que eu não saio daqui, aquelas igrejinhas assim com cadeiras perto uma das outras… É muita gente morrendo… Já conheço mais de uma meia dúzia de pastores que foram a óbito”, diz.

O padre elogia as ações do governo durante a pandemia, mas ao mesmo tempo acha que há muitas regras e decretos confusos.

“Eu agradeço, inclusive o governador Gladson Cameli porque até agora tem muito responsável.
Se tem um ministro que decide de forma monocrática porque é ligado a alguns interesses de grupos religiosos o problema é dele, mas não pode influenciar ninguém, porque existem pessoas responsáveis, igrejas responsáveis, a Federação Espírita responsável, os daimistas responsáveis, igreja católica muito responsável, todo mundo cuidando da saúde dos seus membros. Estamos ficando todos doidos, malucos, atrapalhados com tantos decretos, com tantas decisões contraditórias. Uma atrás das outras. Falta uma coordenação, falta uma orientação segura, falta uma luz. O que eu vejo é que há muitos interesses pessoais de parte de quem está dominando esta pandemia. Vamos ficar todos loucos com tantos decretos.”

Já o padre Jairo Coelho, da catedral Nossa Senhora de Nazaré, lembra que a decisão de Kassio Nunes contraria o próprio Supremo.

“A decisão do ministro contraria aquilo que o próprio STF já decidiu, ou seja, a autonomia dos governadores e prefeitos nas tomadas de decisões na crise da covid-19. Nós, continuaremos firmes na defesa da vida e, por enquanto, manteremos o que determina o decreto estadual.”

A decisão do ministro do STF autoriza que os templos abram com capacidade máxima de lotação de 25% e cumpram todos os protocolos sanitários de distanciamento, uso obrigatório de máscara, álcool em gel e aferição de temperatura das pessoas.

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