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Mulher faz apelo ao ficar em coma por uso de anabolizantes: ‘Perdi 40 kg’

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Nesta quinta-feira (11), é celebrado o Dia Mundial do Rim, e ela faz um apelo para que as pessoas não usem esse tipo de substância, na tentativa de ficar com o corpo mais bonito.

Uma mulher de 39 anos desenvolveu uma doença renal em consequência do uso de anabolizantes, em Cubatão (SP). A vendedora Maria Aparecida Rodrigues chegou a ficar em coma e ser internada por um mês na Unidade Terapia Intensiva (UTI) devido à seriedade da doença, perdendo cerca de 40 kg. Nesta quinta-feira (11), é celebrado o Dia Mundial do Rim, e completando dois anos que faz hemodiálise, ela faz um apelo para que as pessoas não usem esse tipo de substância na tentativa de ficar com um corpo mais bonito.

“Eu queria chamar a atenção, era muito vaidosa. Queria ficar com mais perna, mais glúteo. Então, comecei a fazer aplicações de óleo mineral e uso de anabolizantes. Fiquei viciada nisso e na minha beleza. O resultado era muito rápido, e aquilo me fascinava, cada vez tomava mais. Coloquei a beleza acima da minha saúde, e acabei ficando doente. Hoje, já perdi quase 40 kg desde o início da doença”, desabafa.

Maria conta que começou o uso de anabolizantes há cerca de seis anos, e que, na época, também praticava exercícios físicos. “Usei por bastante tempo, fiquei com o maior corpão, e estava me achando perfeita. Nunca imaginei que anabolizantes poderiam causar problemas nos rins”, relata. Porém, há cerca de dois anos, a vendedora começou a perder muito peso, se sentir fraca e extremamente cansada.

Na foto, Maria na época em que ainda fazia uso de anabolizantes — Foto: Marcelo Rodrigues

Na foto, Maria na época em que ainda fazia uso de anabolizantes — Foto: Marcelo Rodrigues

Ela afirma que, apesar dos sintomas, demorou a procurar ajuda médica, até que, um dia, passou muito mal e teve que ser levada às pressas ao hospital, entrando em coma e ficando na UTI por um mês. “Tive infecção generalizada, além de afetar meus rins. Quando acordei no hospital e descobri que meus rins não funcionavam mais, fiquei desesperada”, relembra.

Desde quando descobriu que havia se tornado uma paciente renal crônica, Maria faz tratamento no Centro de Terapia Substitutiva Renal (CTRS) do Hospital de Cubatão. Ela faz hemodiálise três vezes por semana, às segundas, quartas e sextas. Em cada dia, fica na sessão por quatro horas. Além disso, toma medicamentos e segue uma dieta específica, com pouco sódio e ingestão de líquidos.

“Eu não pensei que os rins fossem órgãos tão importantes. Fiquei com depressão e um bom tempo sem me olhar no espelho, sem me aceitar, devido às mudanças no meu corpo. Só queria ficar deitada, não tinha forças para nada por conta da doença. Eu chorava para ir à hemodiálise no começo, só que, hoje, entendo como é um processo importante e necessário para eu viver. Aprendi que temos que esquecer um pouco a vaidade e nos aceitar como somos, porque os anabolizantes podem valer a pena no começo, mas, no fim, tudo desaba. Nunca imaginei passar por isso na minha vida”, relata.

Tratamento

Com o tratamento, Maria afirma que voltou a cozinhar e que já está andando de carro, coisas que não tinha mais forças para fazer. Ela também relata que, brevemente, entrará para fila do transplante de rins, e que hoje entende que a diálise “salvou sua vida”.

Segundo a médica do Hospital de Cubatão Rosina Dal Maso, os rins são muito importantes, porque são os responsáveis por filtrar as impurezas do sangue. Ela explica que os anabolizantes, além de causarem dano hepático, levam à hipertensão arterial, um fator de risco para a insuficiência renal.

Já o uso concomitante de creatina e de outros suplementos de forma inadequada e constante faz com que os rins sejam obrigados a hiperfiltrar (trabalhar mais). Além disso, ela alerta que muitas pessoas ainda usam anti-inflamatórios não hormonais em profusão para diminuir a dor após os exercícios. “Essa combinação é extremamente prejudicial aos rins”, explica.

A especialista ainda destaca a importância da diálise para pacientes renais crônicos. “A hemodiálise é vida, tratamento, é um jeito de substituir os rins. Não é cura, mas é qualidade de vida, o paciente consegue viver”.

Além do acompanhamento com um nefrologista, a psicóloga Geovana Maria da Silva Ortiz explica que a assistência psicológica para pacientes dialíticos é fundamental. “O acompanhamento psicológico com o doente renal crônico tem a finalidade de reduzir os efeitos psíquicos provocados pelo tratamento dialítico. O paciente que passa a realizar hemodiálise sofre mudanças bruscas na sua rotina, com muitas limitações, que podem ocasionar sintomas ansiosos ou depressivos, bem como prejuízos nas suas relações interpessoais e baixo autoestima”, acrescenta.

Maria é paciente do Centro de Terapia Substitutiva Renal (CTRS) do Hospital de Cubatão, SP — Foto: Rafael Roncarati

Maria é paciente do Centro de Terapia Substitutiva Renal (CTRS) do Hospital de Cubatão, SP — Foto: Rafael Roncarati

Via: G1

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