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‘Mistura de audácia e burrice’, diz piloto rendido em voo de helicóptero

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“Me fingi de bobo e fui tentando convencê-los de que não daria certo”. Por cerca de 50 minutos, o policial civil e piloto de helicóptero Adonis Lopes ficou na mira de dois homens que pretendiam resgatar um detento no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

O sequestro começou em Angra dos Reis (RJ), na tarde de ontem, quando Adonis Lopes, conhecido por ter participado de diversas operações de grande relevância da polícia no RJ, fazia um bico. Ele estava de folga da polícia e conseguiu interromper o plano da dupla quando começou uma briga para evitar o pouso da aeronave em um batalhão da PM.

“Eles estavam em um hotel do Frade [bairro de Angra dos Reis]. Me disseram que era para buscar um casal, mas quando cheguei eram dois homens. Eles embarcaram e logo em seguida anunciaram a ação” disse Adonis Lopes, ao UOL.

A polícia investiga o caso e ainda não há informações da identidade dos dois homens ou de quem eles queriam resgatar, até porque Lopes preferiu não perguntar, de acordo com o que relatou à imprensa e à polícia.

Era um resgate de uma pessoa, mas não perguntei para não chamar muita atenção, me fingi de bobo e fui tentando convencê-los de que não daria certo”.

Eu tomei todas as providências para demonstrar para os órgãos aeronáuticos de controle que a aeronave estava sob interferência ilícita. As manobras do helicóptero foram consequências da luta dentro da aeronave. Um deles pegou o controle do helicóptero e um outro me deu uma gravata. Eu disse que não iria dar certo. O tempo todo eu falava: ‘eu vou morrer, e vocês vão morrer também’, mas eles achavam a todo momento que a ação seria bem-sucedida”.

voo - Reprodução de vídeo - Reprodução de vídeo
Imagem: Reprodução de vídeo

Na manhã de hoje, Adonis Lopes prestou depoimento na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO). A Polícia Civil disse que não irá comentar sobre o caso.

Foi uma mistura de audácia com burrice, eles eram inexperientes. Depois da ação frustrada eles pediram para ir para Niterói [cidade da Região Metropolitana do Rio de Janeiro]. Eu parei perto da comunidade do Caramujo. Depois que eu consegui decolar, ir embora, senti o alívio de saber que não aconteceria nada, mas do presídio até Niterói, eu só pensava que eles ficaram chateados por não terem conseguido e iriam me matar, eu estava muito vulnerável”.

O piloto explicou que ele foi apenas cobrir um amigo que havia passado mal no dia anterior, fazendo um bico enquanto estava de folga da jornada de policial civil.

“Eu só fui atender um pedido para fazer um voo de um piloto que tinha adoecido, que passou mal. Minha experiência tenho certeza que ajudou. Se fosse um dos meus colegas aviadores eles teriam aceitado a ordem dos bandidos e o desfecho seria ruim”, diz Lopes.

“Eu não aceitei, porque eu sabia que ia dar errado e eu não ia viver com o estigma de, depois de tudo o que fiz contra a criminalidade, resgatar preso. Eu não ia conseguir conviver com isso”, concluiu o policial.

O secretário de Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, afirmou que a polícia já possui alguns suspeitos.

“Acredito que ainda hoje a gente saiba qual foi a facção criminosa responsável esse sequestro. A gente espera em breve dar uma resposta. Falo também do Adonis, um piloto que preferia a morte do que resgatar um bandido. Isso é pertencimento pra Polícia Civil. A gente vai descobrir quem fez e vai fazer uma operação contra esses traficantes e fazer cumprir a lei”, disse o secretário.

Via – UOL

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