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Medo de ser linchado como antecessor explica fuga de presidente afegão

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Troféu principal nas guerras do Afeganistão, a capital Cabul finalmente se rendeu neste domingo ao domínio Talibã, na última etapa de uma ofensiva de apenas 10 dias para que o grupo radical retomasse o controle do país. O presidente Ashraf Ghani não esperou a entrada dos militantes e desconfiou da oferta de uma transferência de poder pacífica. Fugiu do país e só reapareceu três dias depois, nos Emirados Árabes Unidos, onde se exilou.

No comando do país desde 2014, Ghani justificou a saída precipitada e muito criticada pelos compatriotas: quis evitar o derramamento de sangue. Mas quem se lembra da primeira tomada de Cabul pelo Talibã, em 1996, entendeu que ele também fugiu do destino que teve outro antecessor — o de ser linchado.

Há 25 anos, enquanto Cabul caía, o ex-presidente Mohammad Najibullah foi retirado à força do complexo da ONU por extremistas do grupo, torturado, castrado e arrastado por um jipe até a morte. Seu corpo e o do irmão ficaram pendurados num poste, expostos à população, numa dura mensagem do que viria pela frente.

Conhecido como Dr. Nagib, o médico Najibullah chefiou o serviço secreto afegão e caiu nas graças dos soviéticos e foi alçado à presidência em 1987. Permaneceu no poder até 1992, abandonado por seus protegidos, depois que o império soviético ruiu. Tentou negociar uma saída para a Índia, mas fracassou. Refugiou-se, então, por quatro anos na sede da ONU na capital afegã de onde foi retirado à força para a morte.

A brutal execução de Najibullah, o último presidente comunista do Afeganistão, pode ter servido de lição para Ghani abandonar o país. Relatos divulgados por uma agência de notícias russa dão conta de que teria fugido com um helicóptero e quatro carros cheios de dinheiro e foram categoricamente desmentidos por ele.

Via-G1

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