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Médica espancada no Grajaú conta que festas diminuíram na região: ‘É uma resposta à sociedade’

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Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou rés as seis pessoas que bateram em Ticyana D’Azambuja em maio do ano passado.

Quase um ano depois de ser agredida por seis pessoas ao reclamar de uma festa numa casa vizinha no meio da quarentena, no Grajaú, na Zona Norte do Rio, a médica Ticyana D’Azambuja, de 36 anos, disse que começa a ter sensação de que a justiça vai ser feita.

Ela diz que, depois da sua agressão, diminuiu o número de festas e de outros incômodos que os vizinhos queriam denunciar, mas tinham medo.

Esta semana, a 28ª Vara Criminal da Capital do Tribunal de Justiça do RJ aceitou a denúncia do Ministério Público (MPRJ) e tornou réus:

  • Rafael Martins Presta;
  • Rafael Del Giudice Ferreira;
  • Rodrigo Lima Pereira;
  • Luis Claudio dos Santos;
  • Luiz Eduardo dos Santos Salgueiro;
  • Ester Mendes de Araujo.

Eles vão responder pelo crime de lesão corporal grave, cometido em circunstâncias agravantes em razão da pandemia, que prevê até cinco anos de prisão.

“Estou esperançosa. Entendo que o andamento demorou por causa da pandemia, mas estou me sentindo no caminho da justiça. Acho que é uma reposta à sociedade”, afirmou.

“Pelo menos minha agressão serviu para alguma coisa”, destacou.

A médica também vai mover um processo na esfera cível contra seus agressores.

Lesões e traumas

Ticyana levou boa parte do último ano se recuperando das agressões sofridas.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

Ela teve o joelho quebrado, precisou operá-lo e ficou um mês de cama. Foram outros dois meses na fisioterapia e três sem trabalhar. A ida à terapia e o uso de antidepressivo e ansiolítico ainda permanecem.

“Quando reclamei, achei que ia soltar um estalinho, não que ia explodir uma bomba atômica na minha vida. Fui agredida, fiquei extremamente magoada com as pessoas que me negaram ajuda e ainda tive que ler coisas como ‘mereceu mesmo’ ou ‘se fosse comigo, ia te deixar cega’”, lembra ela.

Mas Ticyana conta também que, para um comentário de desagravo, outros tantos eram de apoio e incentivo.

“Eu percebi que as pessoas estão com medo. Querem reclamar, querem as coisas certas, mas têm medo. Eu também tenho. Se soubesse que ia acontecer tudo isso, talvez não fizesse”, diz ela, que até hoje não sabe quem fez as fotos do incidente.

“A pessoa fotografou, colocou em um pen-drive e deixou na minha porta. Até hoje não sei quem foi, mas sou extremamente grata. Essas imagens foram fundamentais para mostrar o que sofri. Por que se fosse só a minha palavra contra a deles, iriam inventar alguma coisa, dizer que não foi bem assim”, lembrou.

Uma das fotos que Ticyana recebeu, e que mostra ela sendo carregada por um homem antes de joga-la no chão — Foto: Reprodução

Uma das fotos que Ticyana recebeu, e que mostra ela sendo carregada por um homem antes de joga-la no chão — Foto: Reprodução

Sobre o medo, a médica anestesiologista diz que pensou em mudar de bairro, de cara e de vida. Mas, após desabafar nas redes sociais e ver a repercussão do caso, decidiu que faria exatamente o contrário.

“Resolvi que ia falar bastante, mostrar bem a minha cara e, se algo acontecesse comigo, todo mundo ia atrás dessas pessoas”, conta ela, que recebeu apoio da Comissão de Direitos Humanos da Alerj e da OAB.

A coragem e a determinação só balançam quando Ticyana tem que passar perto da varanda de casa, onde ela consegue visualizar a casa onde acontecia a festa e o local da agressão.

“É estranho. Sempre fico tensa. É como se os meus agressores ainda estivessem ali”, contou.

Ticyana logo após a agressão: mão pisoteada e joelho quebrado — Foto: Reprodução/redes sociais

Ticyana logo após a agressão: mão pisoteada e joelho quebrado — Foto: Reprodução/redes sociais

Ticyana na época da agressão: joelho quebrado e três meses de recuperação — Foto: Reprodução/redese sociais

Ticyana na época da agressão: joelho quebrado e três meses de recuperação — Foto: Reprodução/redese sociais

Via: G1

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