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Marrocos afirma que 18 morreram em tentativa de cruzar a fronteira com a Espanha

Autoridades afirmam que imigrantes caíram em vala profunda ou foram asfixiadas pela multidão; incidente foi o primeiro tipo desde março.

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Autoridades marroquinas afirmaram que 18 pessoas morreram ao tentarem cruzar a fronteira com a Espanha, na cidade de Melilla, em um dos mais graves incidentes na região em meses.

Segundo os relatos marroquinos e espanhóis, o grupo de cerca de duas mil pessoas tentou se aproximar da barreira que separa dos dois países no começo da manhã, e 133 conseguiram atravessar por uma porta de acesso do controle de fronteiras, sendo que 57 precisaram de atendimento médico.

Horas depois, as autoridades de Nador, do lado do Marrocos, revelaram que muitas pessoas caíram em uma vala profunda, localizada na área fronteiriça, ou foram asfixiadas pela multidão que tentava romper a barreira: ao todo, 18 pessoas morreram, cinco delas no local e treze após terem sido internadas em estado grave em hospitais.

Também ficaram feridos 49 integrantes da guarda civil espanhola e 140 policiais marroquinos que tentaram impedir que a multidão chegasse perto da divisa, confirmando a colaboração das autoridades de Rabat para tentar impedir a entrada irregular de pessoas em solo espanhol através do enclave de Melilla.

Essa foi a primeira tentativa de invasão em massa desde março, pouco antes de uma mudança histórica de postura da diplomacia espanhola: anteriormente, Madri adotava uma postura de neutralidade na disputa em torno do Saara Ocidental, uma ex-colônia espanhola que busca sua independência desde os anos 1970, mas que é considerado por Rabat como parte integrante de seu país.

Naquele mês, a Espanha passou a apoiar o plano marroquino para o Saara Ocidental, que consiste em lhe dar autonomia, deixando de lado uma proposta sobre um referendo para a independência, defendido pela Frente Polisário, que controla de fato o território. A decisão recebeu críticas na Espanha, incluindo de aliados do premier Pedro Sánchez, que viram nela uma forma de incentivar Rabat a controlar a entrada irregular de imigrantes em Melilla e em Ceuta, o outro enclave espanhol no Norte da África.

A decisão também colocou fim à crise diplomática entre os dois países, iniciada em abril de 2021, quando a Espanha recebeu o líder da Frente Polisário, Brahim Ghali, para que recebesse tratamento para a Covid-19. Em maio daquele ano, cerca de dez mil imigrantes entraram em Ceuta, no que foi visto como uma retaliação de Rabat, apesar dos alertas de Sánchez para que a crise migratória não fosse usada como forma de pressão.

Após a melhora nos laços, o número de entradas irregulares de imigrantes despencou, sinalizando um reforço nos controles fronteiriços do lado marroquino.

Por O Globo

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