booked.net

Mãe descobre 36 anos depois que filha foi trocada em hospital

Segundo Regina, o teste deu 99,9% de probabilidade. Dias depois, a filha dela, Thaisa do Nascimento Fernandez, que até então ela achava ser biológica, também fez um exame de DNA com a mãe de Tatiane, o que comprovou de vez a troca.

Compartilhe:

Uma carta da Santa Casa de Sertãozinho (SP) em abril deste ano fez a vida de Maria Regina Dias do Nascimento Fernandez mudar para sempre.

O texto pedia que ela entrasse em contato com o provedor do hospital para falar de um assunto de interesse dela. O que viria a seguir, desestabilizou a família. Em 1985, duas bebês foram trocadas na maternidade e uma delas era a filha de Regina.

“A sensação que eu tive é que um cometa caiu na minha cabeça. Eu liguei para minha advogada na hora e falei para ela ‘olha, a sensação é que caiu um cometa na minha cabeça e eu preciso da sua ajuda’. Eu não acreditei. Falei ‘não é possível’, ‘eles estão loucos, imagina’. Trinta e sete anos. Não é normal, não está certo”.

Regina mora em Ribeirão Preto (SP) atualmente e conta que em um primeiro momento, chegou a pensar que o assunto tinha relação com os pais dela, já falecidos.

Ela demorou uma semana para entrar em contato com o hospital depois que recebeu a carta.

“Falei ‘gente, o que eles querem comigo? Santa Casa de Sertãozinho? Não tem um porquê. Pensei na morte dos meus pais, podia ser alguma coisa relacionada. Deixei a carta. Demorei uma semana para entrar em contato e aí disseram que o provedor queria falar comigo e tinha de ser pessoalmente. Eu falei ‘não posso, estou distante’ e pedi para ser em Zoom. E ainda bem que foi em Zoom, porque se eu tivesse ido pessoalmente, acho que não ia ter condição de sair, porque dentro do meu quarto, no Zoom, eu fiquei paralisada”.

Regina com as filhas Thaisa e Tatiane: bebês foram trocadas na maternidade em Sertãozinho, SP, em 1985 — Foto: Arquivo Pessoal
Regina com as filhas Thaisa e Tatiane: bebês foram trocadas na maternidade em Sertãozinho, SP, em 1985 — Foto: Arquivo Pessoal

Como surgiu a suspeita

A suspeita de que os bebês tinham sido trocados foi levantada pela filha biológica de Regina, Mônica Tatiane Ribeiro, de 37 anos. Ela estava grávida quando descobriu que não era filha dos pais que a criaram desde que nasceu e fez dois exames de DNA com a mãe da vida inteira.

“Descobri em setembro de 2021. Foi muito doloroso. Eu estava grávida, então foi um processo bem difícil digerir tudo isso. Esperei a gravidez para ir atrás da Santa Casa e encontrar a minha mãe biológica”, afirma.

Ao falar com o provedor, Regina foi orientada a realizar um exame de DNA com Tatiane, mas a certeza de que eram mãe e filha veio na sala de espera do laboratório, antes mesmo da coleta.

“Eu estava achando ‘vai dar negativo e está tudo certo, vou voltar para minha casa e a minha vida vai seguir normal’. Mas não. A hora que cheguei no laboratório, me vi na pessoa sentada com uma criança no colo. Fizemos o teste e não consegui voltar para casa naquele dia”.

Maria Regina Dias do Nascimento Fernandes descobriu que a filha foi trocada na maternidade em Sertãozinho (SP) depois de 37 anos — Foto: Marcelo Moraes/EPTV
Maria Regina Dias do Nascimento Fernandes descobriu que a filha foi trocada na maternidade em Sertãozinho (SP) depois de 37 anos — Foto: Marcelo Moraes/EPTV

Segundo Regina, o teste deu 99,9% de probabilidade. Dias depois, a filha dela, Thaisa do Nascimento Fernandez, que até então ela achava ser biológica, também fez um exame de DNA com a mãe de Tatiane, o que comprovou de vez a troca.

Epilepsia e oportunidades perdidas

Thaisa tem epilepsia, uma doença que costuma ter origem genética, mas Regina nunca entendeu o motivo, uma vez que ninguém na família sofre dessa condição. Ela também é mãe de Victória, de 23 anos.

Após a confirmação da troca, a família descobriu que o irmão biológico de Thaisa, que faleceu há dois anos, também sofria da doença.

“Quando eu soube que fui trocada, fiquei muito triste, comecei a chorar tanto porque fui trocada quanto porque eu tinha perdido um irmão e não sabia da existência dele. Sinto um pouco de raiva ainda. Você mora com uma pessoa que te deu tudo do bom e do melhor, só que não é sua mãe. É um baque”.

Regina, que até então vivia com duas filhas em Ribeirão Preto, abraçou a filha biológica e a família dela. Agora, constroem juntas uma história que foi interrompida em 1985.

Procurada, a Santa Casa não se manifestou sobre o assunto alegando que o caso é tratado em sigilo. As famílias pretendem processar a instituição.

Com informações g1.

Compartilhe:

LEIA MAIS

Rolar para cima