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Live Celebrativa dos 100 anos do jornal O REBATE, destaca nas redes sociais a saga dos primeiros jornalistas do Juruá

Durante meio século, foram publicadas 1.167 edições do mais longevo jornal do interior acreano. Publicações de base tipográfica: tudo confeccionado à mão, desde a composição das matrizes, letra por letra, imagem por imagem, até a impressão das páginas e sua posterior distribuição aos amigos e repartições públicas.

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Já são 100 anos de um trabalho pioneiro que iniciou em 1.921. O jornal O REBATE passou por algumas mãos nos seus 50 anos de existência, até se encontrar com João Mariano, que até 1.971 levou pra frente à missão de bem informar, à partir dos acontecimentos da sua época em Cruzeiro do Sul.

Essa atitude, até os dias atuais, inspira muitos profissionais que já atuam na área, e diga-se de passagem, com todos os benefícios tecnológicos já existentes. Bem diferente dos recursos que haviam no século passado.

João Mariano era pai da tradicional professora Gisalda Mariano, que durante muitos anos foi diretora da Escola Hugo Carneiro. Gisalda inclusive, tem boa parte do acervo histórico de João Mariano Utilizou.

Neste sábado, 19, o Irmão Marista João Gutemberg, que é neto de João Mariano, apresentou através de uma live nos sites da região, como o Juruá Online, depoimentos, fotos e o histórico deste empreendimento que marcou gerações e a cultura de Cruzeiro do Sul.

O REBATE centenário: Teimosia de viver

Teimosia de viver não é uma ideia minha. Ela foi retirada da repetida expressão de João Mariano da Silva ao intitular os editoriais de várias edições natalícias do jornal que circulou em Cruzeiro do Sul de 19 de junho de 1921 a 19 de junho de 1971. Cinquenta anos de uma história exuberante: informativa, argumentativa, propositiva.
Dediquei tempo para essa reflexão em linda manhã ensolarada de domingo do mês de maio. A vontade era de sair para um passeio. Mas venceu-me a inquietação maior que se transformou no desejo de me somar à motivação e às atitudes dos que conseguiram, durante meio século, publicar as 1.167 edições do mais longevo jornal do interior acreano. Publicações de base tipográfica: tudo confeccionado à mão, desde a composição das matrizes, letra por letra, imagem por imagem, até a impressão das páginas e sua posterior distribuição aos amigos e repartições públicas.

Após ter tido o privilégio de revisitar, durante o último ano, as preciosas edições do jornal que chegaram até nós – centenas delas – passei a reler apenas os editoriais das edições comemorativas de seu aniversário. Isso mesmo, os seus editores vibravam a cada conquista anual da existência do importante periódico que não tinha outro objetivo maior do que o de fomentar o bem da coletividade.

E aqui reconhecemos a razão primeira de tanta perseverança: a motivação pessoal alinhada ao compromisso comunitário.
O nosso jornal O REBATE foi fundado por Antônio Alves Magalhães, em 1921. Ele o manteve durante 25 anos. Em 1946, o mesmo foi assumido por um grupo de amigos. A partir dessa data, ele foi dirigido sucessivamente por Francisco Taumaturgo e Dr. Herminio Alves Filho. Raimundo Quirino Nobre aparece, posteriormente, como proprietário, depois como proprietário e diretor. João Mariano vem mencionado como Secretário, depois como Redator.

Essa sucessão de funções sugere que esse grupo de amigos se entendia muito bem e se esforçava para a publicação dos jornais. Desde então, os artigos de João Mariano eram vários e sugestivos. Ele assumiria definitivamente a direção e a redação de O REBATE do início dos anos 1950 até 1971. Podemos dizer que a índole do periódico teve a impronta de Antônio Magalhães durante os primeiros 25 anos de sua existência e a de João Mariano no quarto de século sucessivo.

É impressionante e motivador constatar como a sobrevivência do jornal era motivo da dedicada paixão de seus editores. A publicação do editorial comemorativo no dia 19 de junho de cada ano acontecia mesmo se em alguns anos as publicações fossem escassas. Seus títulos são sugestivos, como: “Vive ainda o REBATE” (nº 1.124, de 19/06/1959). “Na sua teimosia de viver, saúda os leitores com prazer” (nº 1.149, de 19/06/1964), “Teimosia de viver” (várias edições), “Porque surgimos” (nº 1.152, de 19/06/1966).

À medida que o jornal se aproximava de seu Cinquentenário, mais ele ia fazendo memória de seus feitos e aprofundava o seu objetivo: o bem da coletividade. O fundador era sempre lembrado por seu sucessor, numa sequência bonita de cuidado com o bem comum e não com a auto referência. Nesse sentido, os vários colaboradores também são sempre lembrados. Quem prega o bem da comunidade também sabe trabalhar em comunhão!

A edição comemorativa do cinquentenário é a única publicação daquele ano: 19/06/1971. João Mariano já estava idoso e enfermo, vindo a falecer no ano seguinte. Essa edição é de um conteúdo profundo. Faz memória da linda história do jornal e lança luzes para o futuro. Para além do mais, Mariano reedita o número 1 de O REBATE e consegue a impressão de um encarte especial sobre Cruzeiro do Sul como “colaboração do Jornal do Comercio, de Manaus”.
E foi em Manaus que, em 2020, encontramos a possibilidade de restauração do acervo de João Mariano – O Rebate e O Juruá – através de dedicados especialistas.

E eis que O REBATE não se encerra em sua tão almejada edição cinquentenária. Ele retorna renovado, “restaurado” como um presente para a coletividade por ocasião do seu Centenário, em 19/06/2021. Fazer memória agradecida é um meio eficaz de bem projetar o futuro. É uma realização do que vem afirmado e idealizado por João Mariano na edição 1.165/6 de 19/06/1970, quando o jornal completava 49 anos e ansiava chegar ao seu jubileu de ouro: “…Aí está O REBATE com seu inalterável programa: pugnar pelo progresso da região e defender o interesse da coletividade. (…) Com os olhos do pensamento fitos no futuro da Terra dos Náuas, caminhemos para o cinquentenário. Se Deus permitir, chegaremos até lá!”

Com esses lances motivacionais pelos 100 anos de O REBATE, oferecemos aos caros leitores os editoriais de Antônio Magalhães na sua primeira edição em 1921 e o de João Mariano da Silva, na edição do cinquentenário em 1971.
Jornal O Rebate. 1921 (Antônio Magalhães) – 1971 (João Mariano) – 2021 (você e eu): lindas páginas de nossa história!

João Gutemberg Mariano C. Sampaio

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