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James Webb, maior telescópio espacial já lançado, divulga novos registros do Universo

Depois de revelar sua primeira foto científica e colorida na última segunda (11), supertelescópio de US$ 10 bilhões flagrou novas imagens.

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Um dia depois da divulgação do seu primeiro registro colorido, o telescópio espacial internacional James Webb revela ao mundo nesta terça-feira (12) uma série de imagens e dados científicos das suas observações iniciais (veja uma das imagens acima e mais fotos abaixo).

Nessa primeira fase de sua missão, o supertelescópio que faz parte de um programa que é liderado pela NASA, em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) e a Agência Espacial Canadense (CSA), apontou seus instrumentos para regiões do espaço que foram escolhidas por um comitê internacional de cientistas.

As imagens e os dados divulgados marcam o início oficial das operações científicas do telescópio espacial de US$ 10 bilhões que promete “transformar nossa compreensão do universo”, segundo a Nasa, e mostram duas nebulosas (gigantes nuvens de poeira e gás que pairam no espaço), um exoplaneta gasoso, e um grupo de galáxias a cerca de 290 milhões de anos-luz de distância.

Ontem, em um evento na Casa Branca, a agência americana já havia divulgado a imagem do aglomerado de galáxias chamado de SMACS 0723, a primeira foto colorida feita pelo telescópio espacial.

“Hoje, apresentamos à humanidade uma visão inovadora do cosmos do Telescópio Espacial James Webb – uma visão que o mundo nunca viu antes”, disse o administrador da NASA, Bill Nelson.

O astrofísico Rogemar Riffel, da Universidade Federal de Santa Maria Rogemar Riffel, explica ao g1 que todos esses objetos são bastante conhecidos pela ciência, mas que cada um foi escolhido por um motivo específico (entenda mais abaixo).

  • Nebulosa do Anel Sul

A Nebulosa do Anel Sul (mostrada na imagem que abre essa matéria) por exemplo, também conhecida como nebulosa “Eight-Burst”, não foi escolhida à toa.

“Olhar para essa nebulosa é como se estivéssemos olhando para o futuro do Sol. O Sol vai se transformar em uma nebulosa planetária [uma nuvem de gás em expansão que cerca uma estrela no fim de sua vida] como essa”, diz o pesquisador.

Segundo a Nasa, duas câmeras a bordo do Webb capturaram a imagem mais recente desta nebulosa localizada a aproximadamente 2 mil anos-luz de distância da Terra. E pela primeira vez, devido ao grande nível de detalhes dessa imagem, o Webb conseguiu revelar que a estrela está coberta de poeira.

“O Webb permitirá que a comunidade astronômica mergulhe em muitos outros detalhes específicos sobre nebulosas planetárias como esta, formada por nuvens de gás e poeira ejetadas por estrelas no fim de suas vidas”, afirmou a agência espacial.

  • Nebulosa de Carina

Por outro lado, a Nebulosa de Carina, por vezes chamada de Nebulosa de Eta Carinae, é o “contrário” da Anel Sul, conta Riffel: ela é uma região de formação de estrelas.

Nebulosa de Carina, em nova foto do James Webb. — Foto: NASA

Nebulosa de Carina, em nova foto do James Webb. — Foto: NASA

Segundo a agência espacial norte-americana, esta é uma das maiores e mais brilhantes nebulosas do céu, localizada a aproximadamente 7,6 mil anos-luz de distância, na constelação sul de Carina.

“As nebulosas são berçários estelares onde as estrelas se formam. A Nebulosa de Carina é o lar de muitas estrelas massivas, várias vezes maiores que o Sol”, afirma a Nasa.

  • Exoplaneta WASP-96

Já o planeta fora do Sistema Solar, chamado de WASP-96, também é conhecido. Ele não é um planeta parecido com a Terra, pois é composto por gases, mas é um exemplo de exoplaneta.

Localizado a cerca de 1.150 anos-luz da Terra, ele orbita sua estrela a cada 3,4 dias. Segundo a Nasa, ele tem cerca de metade da massa de Júpiter e sua descoberta foi anunciada em 2014.

Hoje a Nasa divulgou que o James Webb a existência de água, juntamente com evidências de nuvens e neblina, na atmosfera desse planeta gigante.

Composição da atmosfera do exoplaneta WASP-96-B revela que um 'sinal inconfundível de água', juntamente com evidências de nuvens e neblina. — Foto: NASA/Divulgação

Composição da atmosfera do exoplaneta WASP-96-B revela que um ‘sinal inconfundível de água’, juntamente com evidências de nuvens e neblina. — Foto: NASA/Divulgação

  • Quinteto de Stephan

Por fim, o Quinteto de Stephan é um grupo de cinco galáxias (NGC7317, 7318A, 7318B, 7319 and 7320), o primeiro do tipo a ser descoberto. Foi o astrônomo francês Edouard Stephan, em 1877, que o descreveu pela primeira vez.

Localizado a cerca de 290 milhões de anos-luz de distância da Terra, na constelação de Pégaso, o quinteto é um objeto bastante familiar a astrônomos amadores, segundo a Nasa.

'Quinteto de Stephan', em nova imagem divulgada pelo telescópio espacial James Webb. — Foto: NASA/Divulgação

‘Quinteto de Stephan’, em nova imagem divulgada pelo telescópio espacial James Webb. — Foto: NASA/Divulgação

“A escolha desses objetos tem a ver com a ciência que o James Webb pretende fazer. Não são objetos desconhecidos, mas são objetos que cobrem diversas áreas de pesquisas para qual o telescópio foi projetado, desde planetas até objetos muito distantes do Universo”, ressalta Riffel.

O James Webb

O telescópio (JWST na sigla em inglês: James Webb Space Telescope) foi lançado no Natal de 2021, depois de alguns anos de atrasos sucessivos, e tem alguns objetivos ambiciosos.

Segundo a Nasa, ele ajudará a resolver mistérios em nosso sistema solar, irá olhar para mundos extremamente distantes, investigará as origens do nosso universo e poderá até mesmo explorar o potencial de vida em sistemas planetários remotos.

Ilustração simula a presença do James Webb no espaço. — Foto: NASA GSFC/CIL/Adriana Manrique Gutierrez

Ilustração simula a presença do James Webb no espaço. — Foto: NASA GSFC/CIL/Adriana Manrique Gutierrez

O observatório é considerado o maior telescópio de ciência espacial já construído. Somente seu escudo solar, estrutura que o protege da luz e do calor do Sol, tem aproximadamente o tamanho de uma quadra de tênis (explore o modelo em 3D abaixo). Ao todo, com suas mais de 6 toneladas, o JWST chega a ter um peso de um ônibus escolar.

Inicialmente prevista para durar cerca de cinco a dez anos, a missão do Webb deve produzir operações científicas por mais de uma década. Segundo a Nasa, essa estimativa ambiciosa é resultado do sucesso que foi o lançamento do observatório, que garantiu um excesso de combustível para prolongar sua vida útil.

Diferentemente do Hubble, o JWST não está em órbita ao redor da Terra. Na verdade, ele orbita o Sol, a 1,5 milhão de quilômetros de distância do nosso planeta, no chamado ponto de Lagrange ou L2.

Essa é uma região do espaço que permite que o telescópio fique alinhado com a Terra enquanto se move ao redor do Sol. Segundo a Nasa, essa posição estratégica fará com que o Webb possa ter operações científicas 24 horas por dia, sem interrupções.

Teste criogênico dos espelhos do James Webb, em foto de 2010. A temperatura operacional do Webb é de -223°C. — Foto: NASA/MSFC/David Higginbotham/Emmett Given

Teste criogênico dos espelhos do James Webb, em foto de 2010. A temperatura operacional do Webb é de -223°C. — Foto: NASA/MSFC/David Higginbotham/Emmett Given

O poder do infravermelho

Como o Webb é capaz de enxergar em infravermelho, ele pode observar estrelas e sistemas planetários que “se escondem” em nuvens de gás e poeiras localizadas em regiões do Universo nunca antes exploradas, impossíveis de serem vistas pela luz visível, como o Hubble foi projetado para captar, principalmente. Por isso, o JWST vai complementar os trabalhos do famoso telescópio, e não o substituir.

Embora o Webb não seja o primeiro observatório espacial da Nasa que consiga enxergar em infravermelho, visto que o telescópio Spitzer, aposentado em janeiro do ano passado, também conseguia fazer isso, assim como o Herschel, o espelho primário do James Webb chega a ser quase 60 vezes maior em área que o do Spitzer – o que faz com que ele enxergue mais longe.

Concepção artística do telescópio Spitzer. — Foto: NASA/Divulgação

Concepção artística do telescópio Spitzer. — Foto: NASA/Divulgação

“O Sptizer tinha um espelho primário de 80 centímetros de diâmetro enquanto o James Webb tem 6,5 metros. O que dá uma boa diferença”, diz Marina Bianchin, doutoranda em Física pela Universidade Federal de Santa Maria.

Ela explica que um espelho maior é importante, pois permite a observação de corpos celestes com mais detalhes. Com isso, o Webb poderá apontar para regiões do espaço que já foram observadas antes pela ciência, mas enxergará além, com um nível de detalhes muito superior.

“É como se a gente colocasse um óculos no Spitzer. Vamos ver objetos com muito mais nitidez”, afirma.

Por G1

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