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Islândia elege Parlamento formado por maioria de mulheres e confirma vanguarda na Europa

O país nórdico de 370 mil habitantes mostra mais uma vez segue forte na vanguarda do feminismo e lidera o ranking do Fórum Econômico Mundial sobre igualdade de gênero há 12 anos consecutivos.

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A Islândia se tornou o primeiro país da Europa a eleger uma maioria de mulheres para o Parlamento. Segundo os resultados oficiais divulgados neste domingo (26), das 63 cadeiras do Althingi, nome da assembleia nacional em islandês, 33 serão ocupadas por mulheres, o que representa 52,3% do plenário. A Suécia, que liderava este ranking, tem 47% de deputadas, segundo o Banco Mundial.

Nenhum país do continente europeu tinha ultrapassado até hoje a marca simbólica de 50% de parlamentares do sexo feminino. Embora vários partidos reservem uma proporção mínima de mulheres entre seus candidatos, nenhuma lei impõe uma cota de mulheres para as eleições legislativas na Islândia.

O país nórdico de 370 mil habitantes mostra mais uma vez segue forte na vanguarda do feminismo e lidera o ranking do Fórum Econômico Mundial sobre igualdade de gênero há 12 anos consecutivos.

Nas ruas da capital Reykjavik, a alegria por mais esta conquista era intensa na manhã de domingo.

“Tenho 85 anos, esperei toda a minha vida que as mulheres fossem maioria (…) e estou muito feliz”, disse Erdna, moradora da capital.

“Estou muito satisfeita com o fato de as mulheres terem ultrapassado 50% das cadeiras. Acho que este é o curso normal do que aconteceu na Islândia no último século”, disse Thora Kolbeinnsdottir, uma dona de livraria e assistente social.

Revés para primeira-ministra no poderPor trás desse feito histórico, as eleições legislativas realizadas no sábado (25) representaram paradoxalmente um revés para a primeira-ministra Katrin Jakobsdottir, cujo partido ecologista de esquerda perdeu três cadeiras no Parlamento e obteve 12,6% dos votos, ficando atrás de seus dois atuais aliados de direita.

A sigla que apontou maior crescimento na votação foi o Partido do Progresso (centro-direita), que conquistou 13 mandatos, cinco a mais que nas últimas eleições de 2017, com 17,3% dos votos. Seu líder, Sigurdur Ingi Johannsson, já almeja se tornar o chefe de governo. Mas o partido conservador do ex-primeiro-ministro Bjarni Benediktsson continuou sendo o principal da Islândia, com 24,4% dos votos. A sigla manteve suas 16 vagas, contrariamente à queda que previam as pesquisas.

Com um total de 37 deputados no Parlamento, os três partidos aliados consolidam a maioria na Casa, mas a direita encontra-se numa posição de força, com a opção de encontrar outro terceiro parceiro ideologicamente mais próximo, como por exemplo os partidos de centro Reforma (cinco cadeiras) ou o Centro (três deputados) ou ainda o Partido do Povo (seis cadeiras).

Direita cresce e pode forçar nova coalizão

As negociações para a formação de uma coalizão são tradicionalmente longas na Islândia. A boa notícia proveniente das urnas é que o país se afasta de um cenário de bloqueio político. Nunca, desde a falência dos bancos islandeses durante a crise financeira de 2008 e a grave crise que se seguiu, um governo islandês em fim de mandato conseguiu manter a maioria no Parlamento. É preciso retornar a 2003 para encontrar um precedente.

As discussões entre os três líderes partidários e a questão do futuro ocupante de Stjornarradid, a modesta casa branca que sedia os chefes de governo islandeses, necessariamente surgirá, de acordo com analistas.

“Dado o declínio que estamos vendo, os verdes podem ter que reavaliar sua posição no governo”, diz Eva Önnudóttir, professora de ciência política da Universidade da Islândia.

Desde 2017, a primeira-ministra Katrin Jakobsdottir tornou os impostos mais progressivos, investiu na habitação social e aumentou a licença parental. Sua gestão da epidemia de Covid-19 foi elogiada, com apenas 33 mortes no país. Mas para salvar a surpreendente coalizão de esquerda e direita, ela teve de desistir de alguns projetos, como a promessa de criar um parque nacional no centro do país.

O atual governo marcou o retorno da estabilidade política na Islândia. Esta é apenas a segunda vez, desde a crise financeira de 2008 que arruinou bancos e muitos islandeses, que uma equipe conclui seu mandato. Entre 2007 e 2017, a Islândia teve cinco eleições.

Por RFI

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