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Gladson diz que não teme ter o mesmo fim de Edmundo Pinto, mas pede orações

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A bordo de um avião de pequeno porte que decolou da pista de uma fazenda no interior de Rondônia, na região da Ponta do Abunã, no retorno a Rio Branco, no Acre, após uma visita às obras da ponte do rio Madeira, que deve ser inaugurada no dia sete de maio, o governador Gladson Cameli resolveu falar com exclusividade ao repórter do ContilNet, que também estava a bordo da aeronave a convite do governante.

Uma entrevista em que se falou basicamente de política e futuro. Sobre a CPI da Educação na Assembleia Legislativa, das desavenças com o vice governador Major Rocha e sobre candidaturas de possíveis adversários em 2022, como Jorge Viana, ex-senador, e Sérgio Petecão, senador atual.

Gladson Cameli revelou que é candidato à reeleição e disse não temer ter o mesmo destino do governador Edmundo Pinto, assassinado em 1992 após uma série de desavenças com o então vice Romildo Magalhães. Cameli acha que os tempos são outros mas, mesmo assim, pede orações das “pessoas de bem” e ajuda para que o governo possa combater a pandemia do coronavírus.

A seguir, os principais trechos da entrevista: 

ContilNet–  Pelo que vem acontecendo no Acre nos últimos dias, o senhor teme pela sua vida e ter, também, o mesmo fim do falecido governador Edmundo Pinto, assassinado de forma ainda não totalmente esclarecida em pleno exercício o cargo, em São Paulo?

EU CONFIO MUITO DEUS. CREIO QUE EU NÃO TENHO NADA A TEMER EM RELAÇÃO A QUALQUER SITUAÇÃO NESTE SENTIDO… OS TEMPO SÃO OUTROS…

ContilNet–  Mas o senhor admite que o clima no Acre, nos últimos dias, tal e qual aconteceu com Edmundo Pinto, em 1992, está, politicamente, muito pesado, não está?

Gladson–  Sim. Há um clima de insegurança muito grande, mas, principalmente, no que diz respeito à Covid, diante das incertezas sobre o amanhã. Esse clima de incerteza e insegurança em relação ao futuro, automaticamente, deixa os ânimos alterados. Eu tenho procurado seguir a linha daquilo que Deus determina para a gente, tomando os devidos cuidados. O clima político pesado a que você se refere é em virtude do ano de 2202, um ano político, que está se aproximando. Eu acho isso natural. Penso que, nesse debate, uns levam mais para o lado pessoal e outros para o lado da ideologia e muitas vezes nem é ideologia, é mais para o lado rancoroso. É uma tendência que vem de cima para baixo, em nível nacional ecoando nos estados.

ContilNet–  O que o senhor diria em relação às críticas que lhe fazem segundo as quais o grupo político que o apoiou em 2018 vai chegar em 2022 totalmente esfacelado, dividido…? Qual é a sua participação nisso?

Gladson–  Quem quiser achar motivos para seguir seu caminho em carreira solo vai reclamar somente desta situação. O que sei é que tenho procurado governar com todos, tenho procurado sempre um diálogo muito aberto. Mas aqueles que estão pensando em si e não pensando no Acre, no seu povo ou no Estado, vai sempre achar defeito no que estamos fazendo. Mas, sendo objetivo na resposta à sua pergunta, digo que, em 2022, quem quiser estar comigo, estará; quem não quiser, vai ficar reclamando e é bom que faça o favor de sair. Tem essas situações de alguns que ainda não estão no governo porque o governo não tem como atender todo mundo. Tem como facilitar algumas situações, mas não podemos agregar a todos. Temos erros? Temos e estou tentando corrigir. Mas o que há muito é uma minoria querendo se promover e se colocar acima do governo e sem atentar para alguns percalços que temos, como são os defeitos que temos, principalmente, na parte política e que estou tentando corrigir.

MAS É ISSO:[EM 2022] QUEM QUISER ESTAR COMIGO, ESTARÁ; QUEM NÃO QUISER, QUE SIGA EU CAMINHO.

ContilNet–  E em relação às críticas que lhe são dirigidas segundo as quais o seu Governo não começou, por exemplo, a realizar as obras – e grandes obras –  que prometeu?

Gladson–  Primeiro, devo dizer que estamos na metade do governo ainda. E, segundo, eu não contava com uma pandemia da magnitude que estamos enfrentando como essa do coronavírus. Mas nós estamos cumprindo o que planejamentos, com as dificuldades causadas pela pandemia, mas estamos. Por exemplo: eu iniciei as grandes obras. Já dei ordem de serviço para o anel viário de Epitaciolândia e Brasiléia, em Cruzeiro do Sul, para a duplicação de rodovias. Estou soltando a ordem de serviço para ramais, recebendo e distribuindo equipamentos. Estamos no planejamento para que a gente possa fazer uma nova entrada de acesso a Tarauacá, recuperamos os aeródromos, iluminamos as pistas, concluindo as reformas nos hospitais. Por falar nisso, vamos concluir a segunda etapa do Pronto Socorro de Rio Branco até o final do ano e temos um cronograma que seguir. Agora, o que atrasou nosso cronograma inicial – e aí eu tenho que ser verdadeiro, mesmo não querendo pôr a culpa só nisso, mas querendo justificar junto à população – porque estamos no meio de uma pandemia e por isso tivemos que refazer todo nosso planejamento para nos adequar às condições de trabalhar em meio ao vírus da Covid-19.

ContilNet–  Falando em obras, aquela lá do Bairro Quinze, incluindo a urbanização da margem do rio e uma ponte para o bairro do Aeroporto Velho, vai sair apesar dos problemas causados pelo coronavírus?

Gladson–  Vai sim. Está no nosso planejamento a previsão de soltar o edital de licitação ainda este ano. Os recursos estão garantidos. A nossa bancada federal, através do senador Márcio Bittar, concluiu todo o cronograma de ajuda de quase meio bilhão de reais em investimentos para ao Estado. Mas tudo isso tem um processo burocrático, que nos obriga a preparar todo o processo licitatório, executar projetos. A parte burocrática é também o nosso gargalo e reconheço que temos tido muitas dificuldades mas vamos fazer tudo aquilo que prometemos e que a população tanto espera.

ContilNet–  O senhor está tranquilo quanto à proposta de investigação, através de uma CPI na Assembleia Legislativa, de contratos e compras na Secretaria de Educação?

Gladson–  Esse negócio de CPI é um problema da Assembleia Legislativa, uma situação que os deputados têm que resolverem. A Assembleia é um Poder independente, um Poder soberano, que eu respeito. Parto de um princípio de que, na administração pública, toda dúvida tem que ser investigada. Agora, o que não se pode é politizar a questão. Eu tenho dois anos de Governo e não podem atribuir a responsabilidade à minha pessoa de todas as situações de irregularidades que possam haver no Estado. Como eu disse, isso [a CPI] é uma situação que a vai ter que resolver e eu não vou ser empecilho e não vou me meter nos trabalhos da Assembleia. Agora, o que não vou deixar é politizarem. Mas se é para investigar, vamos investigar tudo – não somente a Educação, mas outras situações que precisam ser investigadas.

ContilNet–  Incluindo o governo passado, do Tião Viana?

Gladson–  Não só do governo passado, mas também de vários governos, várias situações. Volto a dizer que estou há dois anos só como governador e não posso deixar que venham manchar o nome a imagem do meu governo, não poso aceitar. Nós estamos enfrentando todos os desafios, enfrentando esse Covid que está matando milhares de pessoas e, mesmo assim, por questões políticas, querem arrumar problemas onde não tem, eu só preciso mostrar que o Executivo está certo e que, mesmo assim, vau colaborar com tudo o que precisar para deixar as coisas mais transparentes possíveis. Em relação a essa CPI eu não serei problema.

ContilNet–  O senhor teria problema se fosse convocado pela CPI do Covid, lá em Brasília, no Senado?

Gladson–  Não! Não tenho problemas com os recursos que recebemos para combater o coronavírus. Muito pelo contrário, chamei os órgãos de controle para dentro do governo, mostrei o quanto recebemos e o que iríamos fazer com os recursos. Eu estou tranquilo em relação a isso.

ContilNet–  O senhor acha que a CPI do Covid tratará problemas para o presidente Bolsonaro?

Gladson– Traria não! Já trouxe. O problema de CPI é que a gente abe como elas começam mas não pode imaginar como terminam.  A não ser que a gente tenha o controle de tudo o que fez, como eu tenho em relação a essa CPI da Educação. Tudo o que tinha que ser apurado, foi a nossa Polícia Civil, através de uma delegacia de combate à corrupção que eu criei, que investigou, apurou, fez a denúncia, o Ministério Público aceitou e os nomes dos envolvidos foram encaminhados para o Judiciário, que deve dar a palavra final. É por isso que digo que querem politizar uma questão que já está esclarecida. Infelizmente, por mais que a gente esteja atento, onde há dinheiro público envolvido a vigilância tem que ser constante.

ContilNet– O que o senhor acha do comportamento do senador Sérgio Petecão Ao que tudo indica, ele já está em campanha para governador do Estado. O que o senhor acha de uma possível candidatura dele ao Governo?

Gladson–  Sobre isso, eu não tenho que falar do senador Petecão. Ele nunca me afirmou que é candidato a governador. O que sei sobre isso é o que todos sabem. Mas eu respeito qualquer decisão que ele venha a tomar. Penso que quem vai disputar uma eleição, e uma eleição majoritária como é a de governador, ele não tem que ter medo de adversário. Ele tem que estar preparado para enfrentar quem quer que seja. O que tem que haver é respeito à legislação eleitoral, a democracia e ao povo, que vai ter a oportunidade de escolher quem achar melhor para os próximos quatro anos. Sei que nenhuma eleição é fácil e que tudo é possível de acontecer. Mas ainda tem muita água para passar por debaixo da ponte, como se diz no Acre.  Mas minha prioridade neste momento é vencer a Covid e respeitar quem quiser ser candidato e ir para uma disputa normal.

ContilNet–  O senhor fala então como candidato á reeleição mas, nos bastidores da política, fala-se que o senhor gostaria mesmo era de voltar ao Senado. Isso é verdade? Ou o senhor e candidato mesmo à reeleição?

Gladson– Se eu for candidato nas próximas eleições, serei candidato à reeleição – até porque nós estamos com trabalho totalmente com a máquina governamental azeitada e com um pacote de obras que vai ser necessário se concluído num segundo mandato caso não se possa concluir neste primeiro mandato, por causa dos problemas que tivemos com o cornavirus, como já falei. Eu não trabalho essa possibilidade [de ser candidato ao Senado]. Trabalho com a possibilidade de ser reeleito governador porque há muito trabalho a se fazer. E eu fico muito à vontade em dizer isso para não criar qualquer tipo de dúvidas: eu serei candidato a continuar no Executivo!

ContilNet–  O senhor se sente traído por seu vice, o Major Rocha, com o qual o senhor rompeu politicamente?

NÃO, NÃO ME SINTO PARTICULARMENTE TRAÍDO. SE ROCHA TRAIU ALGUÉM FOI AO POVO, NÃO À MINHA PESSOA. ELE FOI ELEITO PARA SER VICE-GOVERNADOR E EU FUI ELEITO PARA GOVERNAR O ESTADO. A MIM ELE NÃO TRAIU. TRAIU A POPULAÇÃO.

ContilNet–  Mas o senhor esperava o atual comportamento dele?

Gladson– Não, sinceramente, não. E não somente em relação a ele, mas de quem foi eleito. Como dizem que o grupo político que me elegeu rachou, eu posso dizer que isso não foi por culpa minha, porque eu pedi sempre o apoio de todos para governarmos. Qual foi o meu erro? Foi tentar apaziguar o Estado? Dizer que a cor do nosso Estado é a cor da nossa bandeira? Foi chamar todo mundo para a mesa e dizer que temos um desafio pela frente? O meu erro é ter a humildade suficiente para reconhecer quando estamos errados? O que eu tenho feito ao longo do Governo? Apagar fogo! Temos uma pandemia de covid que já matou mais de 1.500 pessoas no Acre e, ao invés de união para juntos combatermos isso, o que temos é uma pauta política predominando, com muitas pessoas colocando as eleições de 2022 acima do bem maior que é a vida. É muita gente colocando os interesses de A e de B acima do que é a vida. E penso que não existe mais preciso do que a vida e a família. Não quero ser o dono da verdade ou o bom moço da história. Oque aprendi, o que meus pais me ensinaram, o que aprendi no decorrer da minha vida, foi isso: respeitar as pessoas e a vida. Eu tenho procurado unir todo mundo. O mundo vive uma situação em que as pessoas não têm certeza de que amanhã estarão vivas por causa dessa pandemia. Eu peguei o coronavirus e posso dizer o que o ser humano sente. É muito sofrimento. E aí a gente tem que enfrentar questões que não vão levar a nenhum lugar, a não ser só atrapalhar mais o combate à pandemia, o combate ao desemprego. A verdade é que as pessoas estão muito inseguras. O povo está sofrendo muito. Como govenador, tenho consciência de que estou tentando ajudar. Agora, quem não quiser vai continuar reclamando e eu vou continuar trabalhando, lutando. A coisa que eu mais amo na minha vida – e agradeço todo dia por isso – é a oportunidade que Deus me deu de governar meu Estado. Ninguém me ver falando de passado, não me veem criticar quem m antecedeu, seja A, B ou C. Eu tenho procurado olhar parta o presente e para o futuro cumprindo meu papel constitucional. Eu posso ter ou não razão, mas tenho a consciência de que estou tentando fazer o que é necessário, respeitando a liberdade de expressão, fortalecendo a democracia – mesmo tendo consciência de que tem hora que é preciso bater na mesa; tem hora para tudo! E nessa hora, quando necessário, eu sei fazer. Eu tenho a chancela do povo e quem acha que está certo e que estou errado, vai ter o momento do seu vestibular, que é o calendário eleitoral do ano que vem. 

ContilNet–  Ao que o senhor atribui a popularidade de seu governo e a seu nome, sempre acima da casa dos 60% em praticamente todas as pesquisas de opinião pública? Onde o senhor acha que acertou para chegar a esses índices?

Gladson–  Creio que acerto em reconhecer que não sou melhor que ninguém. O governador não pode achar que está acima de qualquer pessoa. Ele é um líder, claro, mas tem que ter a humildade de observar a tudo e a todos com os próprios olhos, porque se se cercar apenas de uma meia dúzia e tentar governar a partir deles – há exemplos e a história mostra isso, o resultado não é bom. Eu agradeço muito a Deus e à minha equipe pelo sucesso que obtemos em aceitação popular, segundo as pesquisas que você citou. Minha equipe pode ter erros – e as pessoas são muitas críticas; eu também já critiquei muito – mas reconheço que todo o sucesso de um governante, se deve muito a uma equipe que o ajuda. E esta minha equipe, mesmo com todas as dificuldades, tem me ajudado a enfrentar isso. Estamos enfrentando e lutando para vencermos esse imenso desafio que é tornar a vida do nosso povo menos difícil. Eu só tenho é que agradecer o apoio das pessoas de bem deste Estado e peço que orem por todos nós. O mundo vive um momento de muita instabilidade. Se você olhar pelo lado espiritual, percebemos esta instabilidade; se você olha pelo lado político nacional, há também muitas interrogações que vão ecoar nos estados naturalmente. O que pode acontecer com isso? O trabalho de execução das coisas boas. As pessoas de bem querem nos ajudar estão preocupadas, a gente sente isso. As pessoas de bem querem ajudar ao próximo. Numa pandemia dessas, na qual a gente e não tem a certeza do amanhã, isso nos deixa muito preocupados. É por isso que estou na luta pela busca da vacinação em massa da popular e, mesmo assim, tendo que enfrentar todas essas dificuldades de cunho político.

ContilNet– O que o senhor pensa do retorno do ex-senador Jorge Viana à política, já que ele está sendo lançado candidato a governador em 2022? O senhor está disposto a enfrenta-lo nas runas?

EU ENFRENTO QUEM QUER QUE SEJA.  EU NÃO TENHO PROBLEMA NENHUM COM QUEM VAI DISPUTAR AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES COMIGO. EU SÓ TEMO A DEUS E ÀS DECISÕES DO POVO. SÃO A ESTES QUE EU NÃO QUERO, NUNCA, DESAGRADAR. MAS EU NUNCA SEREI CANDIDATO DE MIM MESMO. NO DIA EM QUE EU SENTIR QUE A POPULAÇÃO NÃO ME QUER MAIS NA POLÍTICA, EU SAIO. MAS SINTO QUE NÃO É ISTO O QUE ESTÁ ACONTECENDO AGORA E QUE NÓS TEMOS MUITO AINDA FAZER. VAMOS À LUTA!

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