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Fisioterapeutas que pediram doações para clínica em Xapuri responderão a processo administrativo

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Os dois profissionais que prestam serviços no Centro de Fisioterapia de Xapuri, que lançaram uma campanha por meio da internet na qual pediram a ajuda da população com doações de recursos financeiros para que a unidade de atendimento não parasse de funcionar por falta de materiais e equipamentos vai responder a processo administrativo disciplinar.

Os únicos a atuar no centro de reabilitação física do município, os fisioterapeutas Débora Letícia Menezes e Ednan Souza alegaram que a falta de diversos materiais e de infraestrutura adequada vinha comprometendo o atendimento ofertado, cuja importância se tornou maior em decorrência da pandemia de Covid-19, que tem Xapuri como o seu maior foco na regional do Alto Acre.

“Há quase dois anos não há atendimento destinado ao público infantil devido à falta de espaço, material, infraestrutura e recursos inadequados para esta faixa etária, situação que compromete o pleno desenvolvimento dos pacientes e, infelizmente, não é por escolha do profissional, mas sim das condições em que se encontra a Clínica de Fisioterapia”, disse Débora Letícia quando divulgou a campanha.

A profissional informou ainda que a falta de material básico para o atendimento geral estava comprometendo a demanda diária, que era de 30 pacientes e que havia, em média, caído para 10 a 15. Segundo ela, os encaminhamentos recebidos pela clínica são de pacientes com traumas ortopédicos, pós-covid e neurológicos, que não podem ser interrompidos.

Débora Letícia também disse que havia solicitado ao secretário municipal de Saúde de Xapuri, Wagner Menezes, providências quanto à falta dos materiais indispensáveis para o trabalho. No entanto, ele afirmou que esses pedidos foram feitos de maneira informal.

“Nós não temos conhecimento de reclamação deles a respeito de falta de materiais para o atendimento de pacientes adultos. O que chegou até mim é que não havia problemas. Era mais o atendimento das crianças, inclusive especiais, mas para isso a gente precisa equipar um espaço alternativo e sabemos que a aquisição de equipamentos não pode acontecer de uma hora para a outra a não ser nos casos de emergência”, afirmou Menezes.

A fisioterapeuta se contrapôs à afirmação do secretário e disse que o espaço para o atendimento das crianças citado pelo gestor não tinha a ver com o atendimento fisioterapêutico, mas com a área de fonoaudiologia. Ela ressaltou que a campanha não dizia respeito ao espaço para o atendimento infantil, mas à falta de materiais básicos para o funcionamento do centro de reabilitação.

“O nosso trabalho está sendo afetado por aspectos negativos como falta de recursos, infraestrutura inadequada e desconhecimento de alguns gestores quanto ao papel da fisioterapia. Ainda assim, todas as intervenções têm sido satisfatórias e bem-sucedidas, porque nós honramos o compromisso que temos com os nossos pacientes, mesmo em meio às dificuldades”, concluiu.

No mesmo dia em que a campanha foi tornada pública pelos profissionais, a Secretaria Municipal de Saúde emitiu uma nota, também por meio da internet, afirmando que não existia autorização ou legitimidade para que servidores do órgão promovessem, de forma particular e isolada, qualquer tipo de campanha de arrecadação sob o argumento de equipar locais de atendimento.

Desdobramento

No último dia 27 de maio, a prefeitura publicou no Diário Oficial do Estado (DOE-AC), a portaria autorizando a abertura de processo administrativo disciplinar e, ao mesmo tempo, criando uma comissão composta por quatro membros, todos da Secretaria Municipal de Saúde, para apurar as condutas dos servidores, com um prazo de 30 dias para a conclusão dos trabalhos.

Procurado, o secretário Wagner Menezes confirmou a abertura do processo administrativo e afirmou que a comissão foi nomeada diretamente pelo prefeito Ubiracy Vasconcelos e disse que apenas depois da conclusão dos trabalhos e dos encaminhamentos que forem tomados com relação ao caso, que é acompanhado pelo setor jurídico da prefeitura, poderia se manifestar sobre o assunto.

A reportagem entrou em contato com a fisioterapeuta Débora Letícia, que é servidora efetiva do município. Ela disse que após conversar com o advogado que acompanhará os dois profissionais, eles foram orientados a não prestar informações ou fazer declarações públicas sobre o assunto enquanto os trabalhos da comissão de processo administrativo não forem concluídos.

Via – Ac 24 Horas

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