booked.net

‘Fim do mundo’, diz comerciante que filmou nuvem de areia gigante no interior de SP

Moacir da Silva gravou a cena às margens do rio Tietê, em Pereira Barreto, na tarde da última sexta-feira (1º). Ele contou ao g1 que tinha visto o fenômeno somente em reportagens, mas nunca pessoalmente.

Compartilhe:

Enquanto filmava uma nuvem de areia gigante avançado sobre a cidade de Pereira Barreto (SP), o comerciante Moacir da Silva não conseguia acreditar na cena que presenciava.

“Rapaz, dá uma olhada nisso aqui, o que está acontecendo aqui. Deus me livre. Está parecendo o fim do mundo, gente, olha isso aí. É muita terra. Deus me livre”, narrou Moacir durante gravação.

Além de Pereira Barreto, outras cidades da região noroeste paulista foram atingidas pela tempestade de areia na tarde de sexta-feira (1º). Moradores ficaram assustados e preocupados com o fenômeno.

O comerciante Moarcir conta que viu a nuvem de areia se formar às margens do rio Tietê. Em seguida, resolveu filmá-la para compartilhar com amigos.

“Fiquei assustado. O trem foi aumentando, mas não consegui filmar mais, porque começou a vir muita areia no meu olho. Veio a nuvem de poeira e começou a chover. Choveu só terra. Caía terra, não caía água, inclusive minha mulher mandou a foto da piscina de casa toda suja. Foi muita poeira. Realmente cobriu tudo”, diz.

Nuvem gigante de areia também foi filmada por outro ângulo em Pereira Barreto  — Foto: Arquivo pessoal

Nuvem gigante de areia também foi filmada por outro ângulo em Pereira Barreto — Foto: Arquivo pessoal

Moacir relata que já tinha visto o fenômeno em reportagens e filmes, mas nunca pessoalmente.

“Que coisa feia. Tinha um barco na água. Tentava ver, mas a nuvem tampou o barco. O trem foi cobrindo. Não sei o que aconteceu com o cara que estava no barco. Mandei os vídeos para meus amigos. Eles começaram a pedir para eu sair, mas como? Tinham pessoas dentro do meu comércio. Fechamos as portas e ficamos esperando a situação passar”, conta.

De acordo com a meteorologista Dóris Palma, o fenômeno é comum, principalmente nesta época do ano.

“Tempestades de areia se formam, normalmente, durante o período de transição da estação mais seca, que foi o inverno, para a estação mais úmida, que tende a ser entre o período de primavera e verão”, explicou.

Ainda segundo Dóris, as nuvens de areia se formam quando cidades ficam vários dias consecutivos sem registrar chuva significativa.

“As frentes de rajadas que se formam antes dessa tempestade chegar provocam fortes ventanias, o que, literalmente, levanta toda a poeira, mantendo esse aspecto bem escurecido. Quando as nuvens carregadas se formam e se juntam com toda a poeira, temos um céu bem escuro, um aspecto bem assustador”, complementou.

Mortos e feridos

Nuvem de poeira atinge Santo Antonio do Aracanguá  — Foto: Rafael Honorato/TV TEM

Nuvem de poeira atinge Santo Antonio do Aracanguá — Foto: Rafael Honorato/TV TEM

A tempestade de areia também atingiu Santo Antônio do Aracanguá, cidade localizada a mais de 100 quilômetros de distância de Pereira Barreto.

Dois funcionários de uma usina e um agricultor morreram enquanto combatiam uma queimada em uma fazenda. Outras quatro pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas para hospitais da região noroeste paulista.

O incêndio começou por volta das 12h, em uma área de vegetação. Equipes foram acionadas para ajudar a conter as chamas.

O fogo chegou a ser praticamente controlado. Porém, a tempestade de areia atingiu a propriedade rural, fazendo com que as labaredas voltassem com mais intensidade.

Queimada deixou mortos em Santo Antônio do Aracanguá  — Foto: Arquivo pessoal

Queimada deixou mortos em Santo Antônio do Aracanguá — Foto: Arquivo pessoal

De acordo com Corpo de Bombeiros de Araçatuba (SP), Dailton Vieira de Oliveira, os funcionários da usina e o agricultor não conseguiram fugir a tempo das labaredas.

Gilson Marques de Souza, de 55 anos, Vandeilson da Conceição Santos, de 32 anos, e Genival Miguel de Melo, de 63 anos, não resistiram aos ferimentos e morreram.

Segundo o diretor de Obras da Prefeitura Santo Antônio do Aracanguá, Genival Francisco Moreira, as chamas também atingiram cabeças de gado e se alastraram para outras propriedades rurais.

“A gente contou, aproximadamente, 80 animais mortos. Os bois vinham e batiam no caminhão e no trator. Eles foram queimados, asfixiados ou atropelados. Foi complicado e triste”, explicou.

Por G1

Compartilhe:

LEIA MAIS

Rolar para cima