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Existe diferença entre metaverso e realidade virtual?

Ambos os conceitos promovem experiências virtuais imersivas onde os usuários podem interagir com criações da tecnologia, mas não são a mesma coisa. Entenda as diferenças, segundo um especialista

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O conceito de realidade virtual já existe há muitos anos, e pode ser mais velho do que você pensa. Ainda no século 19, óculos que simulavam e modificavam a realidade já surgiam pelas mãos de inventores da época e, posteriormente, na década de 60, empresas como a Philco e a Morton Heilig criavam protótipos que tinham a intenção de trazer sensações ao usuário a partir de câmeras e a tecnologia 3D.

No entanto, o metaverso é um conceito relativamente mais jovem. Foi citado pela primeira vez em 1992, no livro “Snow Crash”, ficção científica que retrata a existência de uma realidade alternativa, classificada como “metaverso”. Por lá, um simples entregador de pizza pode se tornar um príncipe samurai, como Hiro, o personagem principal. Coincidentemente – ou não – a década de 90 também foi um momento de expansão do conceito de realidade virtual, com marcas de videogames como Sega e Nintendo explorando a tecnologia.

Metaverso x Realidade Virtual

Com o advento da tecnologia blockchain, o metaverso tomou forma e virou uma das tendências da pandemia do coronavírus, levando em conta o distanciamento social e um grande aumento no uso do computador e do celular para interagir com outras pessoas.

Atualmente, o termo “metaverso” representa um mundo aberto, compartilhado e tridimensional, onde os usuários podem explorar e interagir com conteúdo e outras pessoas por meio de avatares. Alguns grandes exemplos disso são Decentraland e The Sandbox, duas plataformas baseadas em blockchain que possuem terrenos virtuais, avatares, e até uma criptomoeda própria. Todos os itens destes universos virtuais são registrados no blockchain por meio de NFTs, incluindo roupas e acessórios.

Ao trazer conceitos da vida real, como a exclusividade e a interatividade, o metaverso gera experiências imersivas e realistas, onde os usuários têm posse total de seus ativos. Para isso, uma série de tecnologias além do blockchain podem ser utilizadas, como a realidade aumentada e virtual.

No metaverso, não existem limitações de experiência. Os usuários podem acessar uma gama diversa de eventos, shows e ambientes, que estão disponíveis por ali mesmo quando seu computador não está ligado e conectado. Ou seja: trata-se de um mundo virtual completo, onde os dispositivos representam apenas um “portal” que conecta usuários.

Por outro lado, quando falamos em realidade virtual, trata-se de uma tecnologia que cria ambientes tridimensionais com o uso de elementos sensoriais, como o tato, a visão e a audição. A posse dos ativos fica com a marca que tem a tecnologia e todo o sistema de realidade virtual relacionado, e embora possa auxiliar na criação de universos virtuais, ela por si só se limita a simulações.

Os usuários só conseguem ter as experiências oferecidas pelo sistema, e quando desligam seus dispositivos VR, aquele ambiente virtual também acaba, pois não possui uma continuidade.

A união das tecnologias

Atualmente, existem discussões no âmbito tecnológico sobre o real uso da tecnologia de realidade virtual, e especulações sobre uma possível união ao metaverso. O Facebook, por exemplo, é um dos maiores investidores dos óculos de realidade virtual, os quais pretende integrar em seu próprio universo virtual. A empresa comprou, em 2016, a Occulus VR, e anunciou no último ano o seu foco no metaverso, que é tanto, que até mudou de nome para Meta.

No Brasil, a VRMonkey é um dos destaques no setor da realidade virtual e aumentada. Segundo Pedro Kayatt, o CEO da empresa, a Occulus foi uma das inspirações que fizeram com que os fundadores enxergassem potencial na tecnologia, em 2015.

Kayatt defende que a realidade virtual pode aprimorar e facilitar as experiências imersivas do metaverso. “Desde a criação da ideia do metaverso, no romance ‘Snow Crash’ de 1992, o conceito que a tecnologia de realidade virtual permitiria com que a internet avançasse do que conhecemos hoje para um “mundo” virtual, mas muito mais próximo do nosso real. Ou seja, coisas como endereços de sites, seriam endereços para localidades virtuais, que possuiriam fachadas e as interações entre as pessoas seriam muito mais “presenciais” do que softwares de chat. Dessa forma, a tecnologia de Realidade Virtual não é necessária para o metaverso, mas o metaverso não deveria existir, por definição, sem uma tecnologia de realidade virtual imersiva e interativa”, explicou.

A VR Monkey é uma startup graduada e residente na Incubadora USP/Ipen-Cietec e já atua no mercado internacional. Fundada por Pedro Kayatt e Keila Kayatt, ex-alunos de Engenharia da Computação na Escola Politécnica da USP, a VR Monkey é referência no desenvolvimento de experiências de realidade virtual, aumentada e mista, e foi a primeira empresa brasileira a desenvolver um jogo para o Playstation VR.

Por Exame

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