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Enxaqueca x dor de cabeça: entenda diferenças, tipos de tratamento e o papel dos fatores emocionais

85% dos que sofrem da enxaqueca em sua forma crônica são mulheres. Segundo especialista, a doença precisa ser tratada com extrema atenção porque possui mais gatilhos e eles podem variar de pessoa para pessoa.

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Uma doença incapacitante, com especificidades individuais e que atinge as mulheres em particular. Os números dão uma dimensão: a enxaqueca atinge 1 bilhão de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde, e é a sexta doença crônica que mais incapacita pessoas. No Brasil, 15% da população sofre da forma crônica, ou seja, com crises que duram 15 dias por mês ou mais.

Ainda não se sabe bem o porquê, mas as mulheres são mais atingidas do que os homens. De acordo com a Fundação de Pesquisa da Enxaqueca nos Estados Unidos, a incidência da doença na população feminina é três vezes maior do que na masculina. Além disso, 85% dos que sofrem da doença em sua forma crônica são mulheres.

Estima-se que cerca de 20% da população feminina sofre de enxaqueca. Dessas, 10% apresentam a forma grave da doença, com dores quase diárias – a chamada enxaqueca crônica.

A enxaqueca, segundo a fisioterapeuta especializada na doença Fernanda Mywa, tem muito mais gatilhos que favorecem o seu aparecimento e podem variar de pessoa para pessoa.

De modo geral, fatores estressantes como insônia, não beber água o suficiente, não ter uma alimentação balanceada ou mudanças na rotina que possam levar a episódios de ansiedade ou estresse tem papel na detonação de crises.

Apesar de muita gente confundir a enxaqueca com dor de cabeça, elas são diferentes. Dor de cabeça é o nome genérico dado a toda e qualquer cefaleia. Desse modo, a enxaqueca é um tipo de dor de cabeça, mas não o único.

A dor sentida durante as crises de enxaqueca e de dor de cabeça tensional são em locais diferentes — Foto: Arte G1

A dor sentida durante as crises de enxaqueca e de dor de cabeça tensional são em locais diferentes — Foto: Arte G1

“Dor de cabeça nunca é normal, mesmo quando esporádica. Existem muitos fatores associados à progressão da enxaqueca, mas os dois principais são: problemas emocionais, como ansiedade e depressão, e o excesso de uso de remédios para tirar a dor”, explica o neurologista Antonio Cezar Galvão, especialista no assunto e chefe do ambulatório de enxaqueca do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC).

Segundo o neurologista, a falta de conhecimento sobre a doença colabora para que o estigma se prolongue na sociedade.

“As pessoas ainda resistem a procurar tratamento adequado porque acreditam que enxaqueca ‘é coisa de dondoca’, e não é o caso. Enxaqueca tem componentes hereditários, genéticos e necessita de atenção”, afirma.

Fatores estressores

As causas, tanto da dor de cabeça tensional quanto da enxaqueca, ainda não estão totalmente esclarecidas, mas os pesquisadores já conseguiram identificar uma forte relação entre a dor de cabeça tensional e fatores estressores.

“A gente tem um aumento de tensão muscular tanto na região cervical como na região da nossa cabeça que podem ser ocasionados por um fator emocional, como uma briga, ou também por má postura ou má qualidade do sono”, explica Fernanda Mywa.

A enxaqueca, segundo ela, precisa ser tratada com extrema atenção porque possui mais gatilhos e eles podem variar de pessoa para pessoa.

De modo geral, fatores biologicamente estressantes como insônia, não beber água o suficiente, não ter uma alimentação balanceada ou mudanças na rotina que possam levar a episódios de ansiedade ou estresse podem favorecer as crises.

Há também casos de pessoas que relatam episódios de enxaqueca após comer determinados alimentos, como tomate ou chocolate, mas o fator não pode ser tido como regra para todos que sofrem desse mal.

Não existe um estudo que diz que quem come chocolate, leite ou queijo vai ter enxaqueca. Sabemos que alguns alimentos, sim, podem favorecer a enxaqueca, mas não existe uma regra do que pode ou não pode. Isso vai depender da percepção de dor de cada indivíduo”, explica Mywa.

Onde dói?

As cefaleias tensionais se diferem da enxaqueca não só pela frequência, mas também pelo local que é afetado pela dor.

Durante as crises de enxaqueca as pessoas costumam sentir dor latejante em apenas um dos lados da cabeça, com intensidade variando de média a forte.

Contudo, a enxaqueca nem sempre se manifesta junto com a dor, em alguns casos as pessoas também podem sentir um ou mais dos seguintes sintomas:

  • distúrbios visuais;
  • náuseas;
  • vômitos;
  • tontura;
  • extrema sensibilidade ao som;
  • extrema sensibilidade à luz;
  • extrema sensibilidade ao toque e ao cheiro;
  • formigamento ou dormência nas extremidades ou rosto;

No caso das cefaleias tensionais, por outro lado, as pessoas costumam sentir dores de intensidade moderada a fraca nos dois lados da cabeça. Nesses casos, os pacientes relatam uma dor que se assemelha a sensação de pressão ou aperto.

Os tipos de dor de cabeça

Dentro da literatura médica há mais de 200 tipos diferentes de cefaleias registradas e divididas entre primárias ou secundárias.

Cefaleias primárias são aquelas onde a dor de cabeça é a própria doença, como no caso da enxaqueca ou das dores de cabeça tensionais.

As cefaleias secundárias, por sua vez, são sintomas de outras alterações que estão acontecendo no nosso corpo, como as dores ocasionadas durante crises de sinusite ou desvio de septo, por exemplo.

Apesar de ter catalogado mais de 200 tipos de cefaleia, as mais frequentes na população mundial são a enxaqueca ou a cefaleia tensional, também chamada de dor de cabeça comum.

“Mais de 90% das reclamações que chegam aos consultórios são relacionadas à enxaqueca ou cefaleia tensional”, explica Galvão.

Segundo ele, todo mundo terá, pelo menos, um episódio de dor de cabeça tensional durante a vida.

Tratamentos

Dor de cabeça é diferente de enxaqueca

Dor de cabeça é diferente de enxaqueca

Atualmente, os neurologistas recomendam três tipos de tratamento para as pessoas que sofrem de dor de cabeça crônica: tratamento preventivo, botox ou anticorpos monoclonais.

O tratamento preventivo pode ser feito com uso de medicamentos ou mudanças de hábitos diários. O que vai determinar a recomendação do uso de remédios é o quadro clínico de cada paciente.

“Dentro do chamado ‘preventivo não medicamentoso’ podem entrar mudanças de hábitos, pode entrar acupuntura, aromaterapia, ioga, pilates e outras práticas de exercício físico”, explica Mywa.

Os medicamentos preventivos, que diminuem a incidência de crises de enxaqueca, podem apresentar queda nos seus benefícios com uso prolongado – ou ter a desvantagem de ainda preservar seus efeitos colaterais. Entre os mais utilizados no mundo estão betabloqueadores e antidepressivos.

Esses remédios foram idealizados, inicialmente, para outras doenças, mas, ao serem utilizados por pacientes com enxaqueca, tiveram seus efeitos preventivos comprovados.

Em alguns casos, os especialistas também recomendam aplicação de botox no nervo trigêmeo para inibir a sua ação, liberando neurotransmissores associados à dor.

Há também os anticorpos monoclonais, que são medicamentos preventivos idealizados especialmente para o tratamento da enxaqueca.

Seu uso é feito uma vez por mês via injeções de alto custo. No Brasil, o valor unitário de cada injeção é de alto custo, podendo variar de R$ 900 a R$ 1.500 cada.

Via-G1

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