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Em resposta ao MPF e MP, Bocalom diz que nunca defendeu ou disponibilizou ‘kit Covid’ em Rio Branco

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Após ser cobrado pelo Ministério Público Estadual (MP-AC) e Ministério Público Federal (MPF-AC) sobre declarações referentes aos medicamentos que compõe o ‘kit Covid’, que não têm eficácia comprovada pela medicina contra a Covid-19, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, alegou que nunca defendeu e nem distribuiu o kit na capital.

“Inclusive, advertimos que o uso do medicamento cloroquina é realizado pelo Ministério da Saúde, não havendo competência deste poder público municipal para sua aquisição. Além disso, reforçamos que não possuímos seu derivado, a hidroxicloriquina”, alegou.

No ofício de resposta, o gestor afirmou que o termo ‘kit Covid’ teria sido usado, na verdade, pela imprensa. Alegou também que a Secretaria de Saúde de Rio Branco (Semsa) adquiriu somente remédios que compõem a Relação Municipal de Medicamentos (Remune) por meio de licitação.

“Na avaliação dos 100 dias da gestão realizada na sede da Associação dos Municípios do Acre (Amac), não houve nenhuma orientação para o uso e aquisição do ”kit Covid”, visto que tal expressão sequer fora mencionada pelos gestores, tendo sido o evento com o único intuito de avaliar as estratégias de atenção primária e seus resultados e impactos positivos na atual conjuntura”, disse.

Investigação

No último dia 28, os órgãos enviaram um ofício para o prefeito responder quais remédios compõem esse kit, se eles foram aprovados por algum órgão de saúde e também se o gestor gastou dinheiro com a compra desses medicamentos.

Em março, o MP-AC começou a investigar a compra e distribuição dos medicamentos do ‘kit covid’ pela Semsa. O órgão instaurou uma notícia fato para apurar a compra de ivermectina e azitromicina no valor de mais de R$ 700 mil pela pasta.

As compras – uma no valor de R$ 183 mil de ivermectina e outra de R$ 545 mil – para aquisição do remédio azitromicina, foram publicadas no Diário Oficial do Acre (DOE) no mês de janeiro. A Saúde assinou contrato com duas empresas para ter o fornecimento por 12 meses.

Mesmo com a orientação da Associação Médica Brasileira de que o uso de remédios sem eficácia contra Covid-19 deve ser banido, o prefeito de Rio Branco defendeu o tratamento precoce para pacientes em suas redes sociais.

Ele chegou a ter a página no Facebook suspensa por 48 horas após postagens sobre o tratamento precoce. Quando retornou para a rede social, ele voltou a defender o tema.

Bocalom chegou a ter página no Facebook suspensa por 48 horas após postagens sobre tratamento precoce — Foto: Reprodução/Facebook

Bocalom chegou a ter página no Facebook suspensa por 48 horas após postagens sobre tratamento precoce — Foto: Reprodução/Facebook

Ação

O MPF-AC e MP pediram que o prefeito esclarecesse ainda se houve alguma recomendação do Ministério da Saúde ou de algum órgão técnico para o uso dos medicamentos nos moradores de Rio Branco. Bocalom tinha que explicar de que forma esse kit era distribuído na rede pública de saúde e as diretrizes e critérios de distribuição.

As entidades questionam quem poderia tomar os remédios, se essas pessoas fazem o teste para a Covid-19 e a forma com que é feito o acompanhamento desses pacientes.

MP-AC investiga compra de mais de R$ 700 em remédios sem eficácia contra Covid-19 — Foto: Getty Images via BBC

MP-AC investiga compra de mais de R$ 700 em remédios sem eficácia contra Covid-19 — Foto: Getty Images via BBC

‘Kit Covid’

A ivermectina é um vermífugo usado para combater parasitas como lombrigas e piolhos; a cloroquina é usada no tratamento de malária, lúpus e artrite reumatóide; e a azitromicina é um antibiótico. Os remédios não têm comprovação científica de eficácia no tratamento precoce contra a Covid-19. A doença ainda não tem tratamento cientificamente comprovado.

Em sessão on-line na Câmara de Vereadores no dia 9 de março, Bocalom afirmou que a rede municipal de saúde iria continuar distribuindo cloroquina e ivermectina.

Também em sessão no dia 23 de março, a vereadora Drª. Michelle Melo, do PDT, chegou a divulgar a publicação do DOE mostrando a compra de azitromicina e ivermectina. No dia 27 do mesmo mês, Bocalom confirmou a compra, mas afirmou que a prefeitura em nenhum momento fez a distribuição desses medicamentos no chamado Kit Covid.

Segundo ele, as compras são feitas para estarem à disposição nos postos de saúde do município para o caso de prescrição por parte dos médicos.

Com isso, a vereadora Michelle encaminhou um ofício para o promotor de Saúde do MP, Gláucio Ney Oshiro, relatando a situação e pediu providências.

Fonte: G1 Acre

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