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Disputa acirrada marca eleição presidencial do Peru no próximo domingo, 11

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Não há um candidato que possa ser considerado franco favorito nas eleições presidenciais do Peru, que ocorrem neste domingo (11). As pesquisas apontam para uma disputa tão acirrada que é difícil prever até quem irá para o segundo turno, marcado para junho.

As pesquisas mais recentes mostram que nenhum candidato apareceu com mais de 15% das intenções de voto. Há ao menos sete nomes embolados entre as primeiras colocações. Veja abaixo em ordem alfabética:

  • George Forsyth (Vitória Nacional) — Ex-jogador de futebol, chegou a surpreender nas pesquisas. Novato na política, tem uma plataforma considerada liberal.
  • Hernando de Soto (Avança País) — Economista de linha ortodoxa, tenta chegar ao poder com discurso de austeridade nas contas públicas. Assessorou o ex-presidente Alberto Fujimori.
  • Keiko Fujimori (Força Popular) — Chegou a ser presa acusada de corrupção. É herdeira do fujimorismo, corrente autoritária na política peruana que dominou o país nos anos 1990 que ainda tem certo apoio.
  • Pedro Castillo (Peru Livre) — Líder sindical entre os profissionais de educação, foi pressionado recentemente por aproximar-se de integrantes da guerrilha Sendero Luminoso.
  • Rafael López Aliaga (Renovação Popular) — Engenheiro conservador, com apelo entre a população católica;  foi chamado de “Bolsonaro Peruano”.
  • Verónika Mendoza (Juntos Pelo Peru) — Psicóloga, a candidata progressista tenta afastar a imagem da esquerda peruana de ex-presidentes investigados e do apoio a guerrilha.
  • Yonhy Lescano (Ação Popular) — Ex-deputado de longa data, articulou pelo impeachment de Martín Vizcarra e se declara nas redes como “defensor do consumidor”. Quer reforma na Constituição.

Há outros 11 candidatos correndo por fora que podem surpreender, dado o acirramento da disputa. Entre eles, o ex-presidente Ollanta Humala, que ocupou o cargo entre 2011 e 2016 e chegou a ser preso por acusações de corrupção em 2017.

A situação de Humala, inclusive, é só um exemplo de como estas eleições ocorrem em um momento político tenso no Peru. Desde a última eleição presidencial, em 2016, o país passou por trocas de presidentes e viu ex-mandatários e outras lideranças políticas serem presos e sofrerem processos criminais em escândalos de corrupção.

Cinco anos atrás, o Peru elegia Pedro Pablo Kucynski em uma votação apertada no segundo turno. Com discurso de renovação política, ele derrotou Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que governou o país de maneira autoritária na década de 1990.

No entanto, escândalos de corrupção envolvendo a empreiteira brasileira  Odebrecht abreviaram o mandato de Kuczynski, que se viu obrigado a reunciar ao cargo em 2018. Com isso, assumiu o vice, Martín Vizcarra.

As investigações do braço peruano da Operação Lava Jato chegaram aos seguintes ex-presidentes:

  • Alejandro Toledo (2001-2006) — preso em julho de 2019 nos Estado Unidos, onde estava foragido desde dois anos antes para escapar das investigações.
  • Ollanta Humala (2011-2016) — preso com a esposa em 2017 por lavagem de dinheiro, foi posto em liberdade no ano seguinte.
  • Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) —  preso em março de 2019 acusado de lavagem de dinheiro, cumpre prisão domiciliar pela idade avançada e por problemas cardíacos.
  • Alan García (1985-1990, 2006-2011) — investigado por financiamento irregular de campanha, lavagem de dinheiro e tráfico de influência;  morreu depois de dar tiro na cabeça quando a polícia chegou à casa dele para prendê-lo.

O escândalo político se espalhou por diferentes lados e partidos peruanos. Keiko Fujimori, opositora do governo, também se viu envolvida nas denúncias de corrupção e acabou presa duas vezes em 2018 e em 2020.  A herdeira do fujimorismo foi acusada de receber dinheiro da empreiteira brasileira durante a campanha eleitoral de 2011.

O discurso anticorrupção e choques frontais com a antiga classe política levaram o novo presidente a ganhar popularidade entre os peruanos. Por outro lado, Vizcarra ganhou antipatia dos congressistas peruanos e principalmente do grupo fujimorista, majoritário.

Assim, em setembro de 2019, o então presidente vinculou uma proposta de reforma no sistema de escolha dos juízes do Tribunal Constitucional — uma tentativa de evitar que a oposição controlasse a corte — a uma moção de confiança.

Pela legislação peruana, quando uma moção desse tipo não é aprovada pelos congressistas ao menos duas vezes, o presidente pode dissolver o Congresso e convocar novas eleições parlamentares. Foi o que Viczarra fez.

No entanto, logo em seguida, o Congresso aprovou a suspensão temporária de Vizcarra alegando “incapacidade moral” e nomeou a vice Mercedes Araóz como nova presidente. Pressionada por protestos nas ruas de Lima e por manifestações das Forças Armadas, ela desistiu de seguir adiante.

Apesar da retomada do controle de Vizcarra,  sobretudo após novas eleições parlamentares, a crise do presidente com o Congresso continuou. A pandemia de Covid-19, desvastadora para os peruanos — o Peru é um dos mais atingidos pelo coronavírus em números relativos — piorou a tensão política no país.

Via-Ac 24 horas

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