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Com lesão em nervo óptico, artista agredido com chave de fenda no AC perde visão e MP deve denunciar agressor

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Ainda em busca de uma segunda opinião, o artista acreano Pedro Lucas Lima Araújo de 19 anos, vive dias de angústia após receber o diagnóstico de que perdeu 100% da visão do olho esquerdo, após ser agredido de forma brutal por um homem que usou uma chave de fenda para furar o olho esquerdo dele durante uma confusão, em Rio Branco.

O caso ocorreu no no final do mês de maio, depois que o jovem viu um amigo apanhando e tentou apartar a situação. Ao entrar na confusão, ele levou um golpe ‘mata-leão’ e o autor, não satisfeito, pegou uma chave de fenda e empurrou contra seu olho esquerdo. O jovem foi parar no Pronto Socorro de Rio Branco, onde ficou internado por um dia. O caso foi denunciado à polícia.

Dois meses depois do episódio, ele teve o diagnóstico de que não vai voltar a enxergar com o olho que foi atingido, segundo informou o namorado do artista, Sérgio de Carvalho. Em busca de uma segunda opinião, ele está em São Paulo, onde vai passar por uma consulta com um especialista.

“O diagnóstico que a gente teve em Rio Branco foi de que atingiu o nervo óptico que ocasionou a perca de 100% da visão esquerda. A gente está em São Paulo para consulta com um especialista em nervo óptico, para ter uma segunda opinião e ver se tem alguma coisa que pode ser feita”, disse Carvalho.

O caso foi registrado na Polícia e agora está sendo acompanhado pelo Ministério Público Estadual (MP-AC), que não passou muitas informações, mas disse que o agressor foi identificado e está formulando denúncia, que deve ser entregue até o início da próxima semana à 4ª Vara Criminal.

Adaptação

Ainda em fase de adaptação e tentando uma nova opinião sobre a perda da visão, Pedro Araújo diz que o processo de adaptação tem sido difícil e que a ida a São Paulo é na esperança de saber se há alguma chance de recuperação.

“Não é um processo fácil, você saber que a probabilidade de voltar a enxergar é mínima, que não tem nenhum tipo de tratamento, e foi o que eu soube em Rio Branco, que não voltaria a enxergar. Então, não é fácil relembrar, reviver a cena, mas a gente tem ainda esperança, porque mesmo que seja 1% de chance, é chance e tento me prender nisso”, contou.

Sobre a pessoa responsável pela agressão, ele afirma apenas que espera que a justiça seja feita e que a pessoa pague por isso. Além disso, ele relata que sente muita dor no olho direito.

“O olho que está saudável sinto muita dor, arde muito. É um novo normal do meu corpo, então, estou com um novo jeito de enxergar o mundo”, desabafou.

Campanha para tratamento

Com os custos de consulta e tratamento altos, a família fez uma vaquinha para ajudar no custeio das despesas. A irmã de Araújo, Mayara Lima, disse que o valor é de R$ 5 mil, com foco em pagar a consulta com o especialista.

“Como foram muitos gastos nos últimos tempos com idas ao médico e eu e Sérgio pensamos que seria bacana fazer a vaquinha, temos muitos amigos que fizeram parte dessa jornada e que sempre disseram que poderiam ajudar. Então, com essa ida a São Paulo, com a oportunidade de fazer essa consulta, a gente fez a vaquinha no valor de R$ 5 mil, porque só a consulta custa R$ 3 mil”, contou.

Em pouco mais de dois dias, já foram arrecadados mais de R$ 3,8 mil, até esta quinta-feira (29). Mayara disse que após todo o processo vai ser feita uma prestação de contas para que as pessoas saibam no que foi investido o valor arrecadado. Além disso, ela afirma que todos estão esperançosos de uma nova avaliação apontar uma chance de ele ainda possa recuperar a visão.

“Tem sido uma experiência de humanidade, recebemos muitas doações, mensagens e pessoas até da Bélgica que contribuíram. O mundo está vivendo dias de instabilidade financeira e as pessoas estão doando, contribuindo e dando palavras de apoio e isso tudo tem sido muito importante. De uma tragédia, a gente descobre uma rede de apoio”, comemorou.

Crime de homofobia

Quando o caso veio à tona, o namorado do artista, Sérgio de Carvalho, não descartou uma ligação com crime de homofobia. “Eu tinha estado lá antes, ainda beijei ele, não acho que foi o motivo, mas quando veio a confusão, veio o ódio. Não justifica fazer o que esse cara fez, era ódio. Por isso que acho que uma das camadas que tem por aí, com certeza, é isso [homofobia].”

Em um relato cheio de revolta e indignação nas redes sociais, Carvalho pediu por justiça.

“Nada justifica uma pessoa enfiar uma chave de fenda no olho da outra. Toda essa maldade reverbera em meu coração como revolta e indignação. Tento organizar os fragmentos de tudo o que aconteceu. Médicos, polícia e muita dor. Impossível montar este mosaico, achar algum sentido maior para tanta maldade. Acho que ainda não voltei do trauma de ver alguém que eu amo tanto sofrer tamanha agressão. Crime de ódio”, disse Carvalho.

Em outro trecho, ele diz que espera que o agressor tenha consciência do mal e da dor que provocou e afirma que não pode haver impunidade. “Sei que não posso escrever muito sobre o ocorrido, apesar de toda revolta que transborda em meu peito. Escrever foi a forma que encontrei de estar no mundo. Agora, as palavras buscam justiça e também a cura.”

A irmã de Araújo, Mayara Lima, falou em “violência desproporcional” e chamou o agressor de sociopata. “Até quando vamos viver em uma sociedade tão desumana e doente? Até quando expressar a liberdade terá um alto preço? Até quando jovens do nosso país passarão por violências desproporcionais pelo simples fato de se expressarem? Até quando?”, questionou.

Via-G1

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