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Coluna Orlando Sabino – A economia do Juruá e o linhão

A meta é substituir 95% da geração termoelétrica do Acre por uma energia totalmente sustentável. Vão depender das usinas termoelétricas somente os 04 municípios isolados do Acre (Marechal Thaumaturgo, Jordão, Porto Walter e Santa Rosa), portanto, dois deles dentro da Regional do Juruá.

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O fornecimento de energia elétrica sempre foi um gargalo para o desenvolvimento do Acre. A maioria dos nossos municípios ainda geram suas energias com termoelétricas, movidas a óleo diesel, que são poluentes e muito caras, do ponto de vista da sua produção. É fato também, que a energia é importante para todos os segmentos, especialmente para a economia e notadamente para o setor industrial. Temos a promessa que em 2025, com a conclusão de grandes investimentos, como a interligação do Vale do Juruá com o circuito nacional, através de um linhão, vamos ter a estabilidade que precisamos. Com uma geração e distribuição de energia sustentável, não poluente e integrada ao meio ambiente. Assim, o Acre vai superar um de seus grandes gargalos que entravada o seu desenvolvimento.

A meta é substituir 95% da geração termoelétrica do Acre por uma energia totalmente sustentável. Vão depender das usinas termoelétricas somente os 04 municípios isolados do Acre (Marechal Thaumaturgo, Jordão, Porto Walter e Santa Rosa), portanto, dois deles dentro da Regional do Juruá.

No artigo de hoje vamos demonstrar o que pode significar, na perspectiva dos números e das palavras de empresários e políticos da Região do Juruá, sobre os impactos na economia regional  com os investimentos energéticos e digitais previstos.

No gráfico acima, podemos observar que todos os municípios que compõem a Regional do Juruá estavam, em 2019, com o PIB per capita abaixo do estadual que, por sua vez, significava a metade do PIB per capita brasileiro.

É importante registrar também, que o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal -IDHM de Cruzeiro do Sul cresceu 30,2% de 2000 para 2010, sendo o sétimo maior crescimento dentre os municípios acreanos. Para ser mais claro, o IDHM varia de 0 a 1, quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano e segue três dimensões: longevidade, educação e renda. O índice serve para medir o desenvolvimento de países, estados, regiões e municípios, demonstrando claramente o potencial que existe no município para entrar numa espiral de crescimento e impulsionar toda a região. Em 2010 o IDHM de Cruzeiro do Sul foi de 0,664, muito influenciado por investimentos na educação.

Em recente visita ao município, tivemos a oportunidade de conversar com empresários, prefeitos e vereadores da região e podemos sentir neles um otimismo nas possibilidades econômicas que poderão surgir com os investimentos. Seguem alguns relatos que são animadores:

  • A obra, a longo prazo, vai despertar na mentalidade do empresariado local ou mesmo de empresas de fora, principalmente por Cruzeiro do Sul ser uma área de livre comércio;
  • A energia é um setor preponderante. Mais ainda, porque aqui, a energia é de péssima qualidade e cara;
  • A gente espera que esse linhão venha não só contribuir para o desenvolvimento da região, mas também que ela contribua também na parte financeira, no bolso do consumidor;
  • A qualidade da energia que a região vai receber e a melhoria que isso vai trazer para a economia da região é imensurável;
  • Hoje existem constantes queimas de motores e de equipamentos da indústria local, em função da oscilação da energia em Cruzeiro do Sul;
  • A empresa fornecedora da energia não cobre os prejuízos causados pela oscilação da energia. A oscilação chega a ser de 8% (quando o máximo permitido é de 5%);
  •  A padronização vai diminuir até a conta de energia porque os cabos não vão aquecer tanto e a tendência é diminuir o consumo.
  • A estimativa é uma redução de 13% no consumo das indústrias regionais;
  •  Investimentos e equipamentos mais modernos e mais potentes que hoje não são possíveis de instalar, com o linhão, poderão ser instalados nas indústrias sem o risco de oscilações. Com isso vai aumentar a nossa produtividade e reduzir os nossos custos.;
  • Com o linhão, o empresariado vai ter mais segurança. A tendência é de aumento dos investimentos na região.
  • A questão da internet também vai ser totalmente resolvida com o linhão, solucionando um grave problema que hoje inibe os investimentos em toda a região. O fim do isolamento digital é algo positivo a ser destacado. Hoje ele é um inibidor de investimentos na região;
  • Autoridades destacaram possibilidades de melhorias na iluminação pública da cidade e  na queda das constantes queima dos eletrodomésticos dos moradores;
  • A energia de qualidade é uma infraestrutura fundamental para estimular o turismo que está em ampla expansão através dos segmentos indígenas e nas belezas cênicas como a serra do divisor e o Rio Crôa. 
  • Será um estímulo para a pequena produção familiar da região, destacando o café, a mandioca, o maracujá, o coco, a produção de leite e derivados, como o queijo, dentre outros.

A economia acreana precisa reagir como um todo. Mas a Regional do Juruá precisa ainda mais, vide os números expressos no PIB e no IDHM. Nas estatísticas da geração de empregos com carteira assinada, Cruzeiro do Sul é um dos oito municípios acreanos que, nos três primeiros meses do ano, o número de desligamentos é maior que o número de contratações, gerando um saldo negativo.

Investimentos públicos são extremamente necessários para gerar uma onda de prosperidade em economias deprimidas como a do Juruá. Estes investimentos do Governo Federal em infraestrutura energética e digital, pode não ser uma varinha mágica para levar ao crescimento e o desenvolvimento da regional instantaneamente, mas será fincada uma infraestrutura fundamental para a atração de novos investimentos na Região.

Orlando Sabino escreve às sextas-feiras no Juruá Online

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