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Coluna Karol Damasceno – Constelação Familiar segundo Bert Hellinger

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Em primeiro lugar, quero ser grata ao Juruá Online pelo convite. Estou feliz em poder ser colaboradora do site. O objetivo desta coluna é compartilhar conteúdos que gerem reflexões e orientações aos leitores no que diz respeito às dinâmicas dos relacionamentos humanos, e, como compreendê-las pode nos auxiliar a sermos pessoas mais saudáveis.

Constelação familiar é uma abordagem inovadora e ampla, descoberta pelo filósofo e psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, que desenvolveu esse trabalho como um processo dinâmico de grupo ainda na década de 1980. Ao longo de sua jornada observou e descobriu leis naturais que regem a vida humana.

Hellinger percebeu que o ser humano está profundamente ligado a essas Leis, e, na medida em que toma consciência de tais princípios, é possível compreender antigos padrões recorrentes de comportamento, estruturas bloqueadas, depressão, medos, bloqueios mentais, causas de doenças, crise financeira, crise na relação de casal, comportamento disfuncional na criança e tantos outros assuntos, de maneira que seja possível, estar em harmonia com a própria história e crescer diante das dificuldades. Desta maneira, a imagem do conflito é transformada em imagem de solução. 

A Ordem Sistêmica

Dentro do trabalho da Constelação Familiar pode-se observar que os sistemas familiares (ou sistemas nos quais as pessoas se relacionam) funcionam de acordo com certas Leis. São elas: Pertencimento, Hierarquia e Equilíbrio entre Dar e Receber. 

Caso essas leis sistêmicas sejam observadas e respeitadas, a harmonia é criada e a família pode se desenvolver sem impedimentos. Se essas leis não forem vistas e respeitadas é possível que o sistema entre em desequilíbrio. De certa forma, o ser humano vive ligado à história das gerações anteriores, pois algumas das questões que os afetam hoje surgiram em outra época.

Há eventos imprevisíveis nas famílias que estão sujeitos à consequências trágicas. Pais, mães ou filhos morrem cedo demais para a compreensão humana, famílias em crise, doenças, depressão, transtornos de ansiedade ou deficiências sobrecarregam famílias inteiras. 

Eventos trágicos podem não apenas ter um impacto direto sobre os afetados, mas também em muitas gerações seguintes. As crianças muitas vezes manifestam os sentimentos de seus pais, interferem no destino deles, adoecem ou repetem as experiências dolorosas de seus antepassados.

Pertencimento

Pertencemos a uma família porque nascemos nela. Todos os membros de uma família têm, portanto, o direito de pertencer. O sistema só pode funcionar em harmonia se todos os membros da família, sem exceção, tiverem um lugar no sistema e ninguém for excluído. 

No entanto, sabe-se que a realidade é muitas vezes diferente. De tempos em tempos é negado aos membros o direito de pertencimento, por exemplo, quando os conceitos morais ou de valores de uma família são contrariados ou os membros da família morreram muito jovens. O sistema então tem um espaço em branco, que não é preenchido por essa pessoa. A estrutura é perturbada e o sistema entra em movimento compensatório, muitas vezes com uma criança posterior preenchendo esse espaço vazio.

Hierarquia

Para que um sistema familiar esteja em harmonia, a Lei da Hierarquia deve ser observada e respeitada. Isso significa que cada membro assume seu lugar de direito com as funções e responsabilidades estabelecidas. Aqueles que vieram antes têm um lugar mais alto na hierarquia familiar do que aqueles que vieram depois. Isso também se aplica a famílias de casal, bem como a todos os filhos nascidos e não nascidos dos pais de relacionamentos anteriores ou extraconjugais.

Quando a ordem natural de precedência no comportamento e na comunicação é visível para todos (os pais são os grandes e têm suas responsabilidades), a família está em ordem e todos se sentem assistidos. Cada um carrega seu próprio destino, seus méritos. No entanto, na realidade, muitas famílias têm divergências em relação a isso.

Por exemplo, aqueles que vêm depois muitas vezes se esforçam para suportar o destino inacabado daqueles que vieram antes deles. A pessoa em questão então segue uma dinâmica de “farei por você ou carrego para você” e, como uma pessoa posterior, carrega o destino da anterior e pensa em “lógica infantil” que a outra pessoa ficaria aliviada. Ou alguém mais tarde expia a dívida não paga de alguém antes.

A ordem também é afetada, por exemplo, quando os filhos se envolvem nas preocupações e responsabilidades dos pais e desempenham o papel de parceiros substitutos, figuras paternas. Vistos sistemicamente, os papéis dos pais e do casal são tarefas muito importantes. Se não forem preenchidos, deixam um “emprego vago”, por assim dizer, que muitas vezes é assumido por uma criança. A criança sai do seu lugar natural e fica sobrecarregada porque representa um papel adulto e não pode mais ser apenas uma criança.

Equilíbrio entre dar e receber

Desde o momento em que o ser humano nasce já experimenta o ato de dar e receber: A união física dos pais, regida pelo amor, permite receber a vida que eles concedem. Ao olhar para a relação dos pais com seus filhos é possível observar que, por natureza, os pais dão mais do que os filhos podem dar a eles. Eles deram o melhor que poderiam dar e o melhor que os filhos poderiam receber. Algo grande, precioso e único, a Vida. Isso, não pode ser devolvido. O que o filho pode fazer é seguir em frente, dando aos seus próprios filhos o que é necessário para viver com dignidade. Aproveitar a vida e ser grato sendo feliz e tratando-os com todo o amor e respeito, eles fizeram o melhor que podiam dentro de suas possibilidades.

De acordo com a lei de ordem e pertencimento nas constelações familiares, os pais vêm primeiro e depois os filhos, porém, isso não acontece entre casais, pois é uma relação entre iguais, é uma relação em que ambos se encontram, recebem, têm os mesmos direitos e status, e onde um novo sistema é criado.

Na relação de casal o equilíbrio entre dar e receber é fundamental, pois, o homem da, a mulher recebe e da mais um pouco, e o homem devolve um pouco mais, assim um vínculo de profundidade e respeito é estabelecido na relação.

Uma pessoa está em paz, quando todas as pessoas que pertencem a sua família tem um lugar em seu coração

Bert Hellinger

Karol Damasceno

Filha, mulher, esposa e mãe de dois meninos. Facilitadora de grupos e sessões individuais com Constelação Familiar. Possui formação e supervisão pelo Núcleo de Soluções Sistêmicas de Teresina-PI, formação em Mediação de Conflitos pelo Tribunal de Justiça do Piauí, através da EJUD (Escola Judiciária), realizadora do Projeto Pedagogia Sistêmica em escola pública, estudiosa das relações e comportamentos humanos, com amor pela natureza com suas cores, formas e significados.

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