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China ameaça ‘sérias consequências’ caso presidente da Câmara dos EUA visite Taiwan

Biden conversará com Xi nesta quinta-feira para reduzir tensões; líder americano considera suspender tarifas para conter inflação.

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A China voltou a afirmar nesta quarta-feira que haverá “sérias consequências” caso se confirme a visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, a deputada democrata Nancy Pelosi, a Taiwan nas próximas semanas, destacando o risco de uma piora da relação sino-americana. O imbróglio deve ser um dos temas da conversa por telefone entre os presidentes Joe Biden e Xi Jinping, prevista para esta quinta-feira.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, fez o comentário sobre Pelosi em resposta a uma reportagem do Financial Times de que Pequim emitiu alertas “significativamente mais fortes” do que as ameaças anteriores por meio dos canais diplomáticos.

Zhao não deu detalhes sobre os preparativos da China para uma possível viagem de Pelosi, que seria a autoridade mais graduada a visitar a ilha desde 1997. Afirmou, contudo, que “se os Estados Unidos persistirem” com a ideia, terão de “assumir todas as consequências”. Pequim prometeu tomar medidas “resolutas e fortes” em resposta e alertou para um “grave impacto” nas relações bilaterais se a visita ocorrer.

Foi a segunda vez que Pequim fez alertas públicos contra a viagem desde que os planos de Pelosi de visitar Taiwan em agosto, dentro de uma viagem que inclui outros países asiáticos, foram divulgados também pelo Financial Times, na segunda-feira. A própria deputada não negou nem confirmou a viagem, embora o próprio Biden tenha dito que os militares a consideram inconveniente.

Questionado se a China emitiu alertas mais fortes do que o normal às contrapartes americanas, Zhao respondeu:

— Acho que seu entendimento pode estar correto.

Guiada pelo princípio de “uma só China”, aceito pelos EUA quanto reataram relações com Pequim em 1979, a China considera Taiwan como parte de seu território. A meta da reunificação do território com o continente é parte do objetivo do Partido Comunista da China desde que os nacionalistas fugiram para ilha ao serem derrotados na guerra civil, em 1949.

Também nesta quarta, Wang Yang, responsável no PC pelas relações com Taiwan, disse que Pequim está disposta a alcançar a reunificação por meio do diálogo com diferentes setores da ilha. Sinalizou, contudo, que as autoridades locais não devem se ancorar em forças externas na busca por independência, o que empurraria a região para o “abismo do desastre”. Foi uma referência a Tsai Ing-wen, a presidente de Taiwan desde 2016, que rejeita o que a China chama de “consenso de 1992”.

O consenso reconhece que há apenas uma China, mas deixa a cada lado a interpretação do que isso significa, permitindo que a ilha mantenha governo próprio.

Taiwan é um dos temas centrais nas tensões entre Washington e Pequim — relação que, em junho, o embaixador dos EUA na China, Nicholas Burns, disse ter chegado ao “momento mais baixo” desde o restabelecimento de relações.

É sob este plano de fundo que Biden e Xi se preparam para conversar por telefone, no que seria seu primeiro contato direto desde março. Os EUA avaliam se a suspensão de algumas tarifas impostas por Trump sobre as importações chinesas ajudaria a conter a inflação desenfreada no país.

Autoridades dos EUA enfatizaram que o telefonema é uma continuação dos esforços do governo para manter linhas abertas de comunicação, buscando garantir que o relacionamento não se transforme em um conflito não intencional.

Com informações via O Globo

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