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China adverte EUA que não hesitará em ‘começar uma guerra’ se Taiwan declarar independência

Tensões se intensificaram nas últimas semanas, principalmente durante as incursões de maio de aeronaves militares chinesas na Zona de Identificação de Defesa Aérea de Taiwan.

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A China alertou nesta sexta-feira que “não hesitará em iniciar uma guerra” se Taiwan se declarar independente, após uma reunião em Cingapura na qual seu ministro da Defesa e o dos EUA confrontaram suas posições em relação à ilha, considerada por Pequim uma província rebelde desde que os nacionalistas, derrotados na guerra civil em 1949, fugiram para o território.

O ministro chinês, Wei Fenghe, reuniu-se pela primeira vez com seu homólogo americano, Lloyd Austin, à margem do chamado Diálogo Xangri-Lá, um fórum de altos oficiais militares, diplomatas e empresas de armas que acontece em Cingapura até o domingo, 12 de junho.

O status de Taiwan tem sido objeto de atritos diplomáticos entre a China e os EUA nos últimos anos, à medida que o governo americano tomou medidas que o distanciaram da posição de reconhecimento do princípio de “uma só China”, adotada nos anos 1970, quando reatou com Pequim. Por essa política, o governo de Pequim é reconhecido como único representante dos chineses e Taiwan, ainda que mantendo sua autonomia e recebendo armas dos EUA, não é considerada um Estado independente.

A China tem historicamente o objetivo reunificar a ilha com o continente, se necessário pela força. Não há indicações de uma ação iminente nesse sentido, mas Pequim tem advertido Washington a não promover nem apoiar uma declaração de independência formal de Taiwan.

— Se alguém ousar separar Taiwan da China, os militares chineses não hesitarão em iniciar uma guerra a todo custo — disse Wei durante a reunião com seu colega americano.

O ministro também disse que Pequim “esmagará” qualquer tentativa de independência da ilha e “defenderá resolutamente a unificação da pátria”. Wei insistiu ainda que a ilha pertence à China e que os EUA não deveriam “usar Taiwan para conter a China”, segundo o ministério.

Austin, por sua vez, “reafirmou a importância da paz e da estabilidade no Estreito [de Taiwan]”, que separa a ilha do continente. O secretário de Defesa também expressou sua rejeição a “mudanças unilaterais no status quo” e pediu a Pequim que “se abstenha de mais ações desestabilizadoras em relação a Taiwan”, segundo o Pentágono.

As tensões em torno de Taiwan se intensificaram nas últimas semanas, principalmente durante as incursões de maio de aeronaves militares chinesas na Zona de Identificação de Defesa Aérea de Taiwan (“Adiz”), a maior operação desse tipo desde o início do ano.

Durante uma visita ao Japão no final de maio, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, surpreendeu ao afirmar que Washington defenderia Taiwan militarmente se a China invadisse a ilha. Pouco depois, a Casa Branca esclareceu suas declarações, garantindo que a política dos EUA de “ambiguidade estratégica” em relação a Taiwan permanece inalterada.

Do ponto de vista estratégico, a reunificação da ilha à China continental, que daria a Pequim o controle do Estreito de Taiwan, uma importante rota de navegação, representaria um grande revés para o objetivo americano de manter sua supremacia militar no Pacífico.

Austin é a última autoridade dos EUA a visitar a Ásia em um momento em que Washington busca reorientar sua política externa para a região, depois da invasão russa da Ucrânia e do anúncio de uma parceria “sem limites” entre Moscou e Pequim.

A ofensiva russa é mais um ponto de atrito entre Pequim e Washington, que acusa a China de apoiar tacitamente Moscou. A China tem dito ser a favor de iniciar negociações para acabar com a guerra, mas não condenou a invasão e criticou repetidamente a expansão da Otan para perto das fronteiras russas e as entregas de armas dos EUA a Kiev.

As reivindicações territoriais da China no Mar do Sul da China também alimentaram as tensões com Washington. Pequim, que tem uma zona marítima exclusiva muito menor do que a americana, reivindica quase todo o mar, rico em recursos e por onde passam bilhões de dólares em comércio marítimo anualmente. Brunei, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietnã também reivindicam partes dessa área.

Austin chegou a Cingapura na quinta-feira e se encontrou com vários de seus colegas nesta sexta. Durante uma reunião com ministros da Defesa do Sudeste Asiático, ele afirmou que a estratégia dos EUA é “manter um ambiente de segurança regional aberto, inclusivo e baseado em leis”, segundo um comunicado do governo de Cingapura. Sua declaração se referiu indiretamente às ações da China na região.

Por O Globo

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