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Acre registra mais de 50 vítimas de afogamento em 16 meses, aponta relatório

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O chamado “inverno amazônico” é marcado pelos altos níveis dos rios em todo o Acre e, consequentemente, alguns acidentes com embarcações ou ribeirinhos são registrados com certa frequência. Os bombeiros passaram um relatório que mostra que, em 16 meses, 53 pessoas morreram vítimas de afogamento em ocorrências atendidas pela corporação no estado.

De acordo com o relatório, no ano passado, foram 45 pessoas vítimas de afogamento. O mês com maior registro foi em maio – com 9 casos. Já este ano, de janeiro até os primeiros dias de abril, foram oito registros. Porém, houve mais dois casos registrados na segunda-feira (4), em Xapuri – um homem e um menino de apenas três anos estão desaparecidos no Rio Acre.

O 2º Batalhão na capital é dividido em três e é a referência para tudo relacionado à parte náutica da capital e também mergulhos em buscas, inclusive, dando apoio até a cidades do interior do estado.

O comandante do batalhão, tenente Alexandre Veras, explica que os acidentes com vítimas fatais acabam sendo uma somatória de vários fatores e que, apesar das cheias dos rios, essas ocorrências podem ser mais comuns na época do “verão amazônico”, quando os rios formam bancos de areias e atraem banhistas.

“A gente pode dividir os acidentes aquáticos com afogamentos em dois: normalmente acontecem via um acidente e uma embarcação que naufragou, as pessoas não sabem nadar e se afogam, ou então acontece de uma forma individual, com banhistas. Às vezes, o cara tá lá com excesso de confiança, muitas vezes embriagado e acaba se expondo a riscos e se afogando”, destaca.

O tenente diz ainda que o nível dos rios interfere de forma diferente em cada período – sendo a cheia o período em que há mais ocorrências relacionadas à embarcação e a seca com registros de ocorrências individuais, que, no caso, inclui os banhistas.

“Quando os rios estão nas máximas acontece mais acidentes com embarcações mesmo, de a correnteza estar muito forte, naufragar e pessoas caírem do barco. Já os acidentes individuais acontecem mais quando tem região de praia, quando está na época do verão e as pessoas se expõem mais aos rios e aí é quando a gente atende mais ocorrências de afogamentos, dessas consideradas individuais, que não estão relacionadas necessariamente a um acidente da embarcação”, destaca.

Casos de afogamento mês a mês no Acre

Meses20212022Total
Janeiro426
Fevereiro819
Março448
Abril213
Maio99
Junho22
Julho11
Agosto44
Setembro11
Outubro66
Novembro33
Dezembro11
Total45853

Fonte: Bombeiros

Medidas de segurança

O comandante explica que algumas medidas podem ser tomadas para evitar tragédias. Nos casos de embarcações, é necessário que o operador esteja ciente que é preciso disponibilizar coletes para os passageiros; garantir a manutenção do barco em dia e respeitar a capacidade de cada embarcação.

“Às vezes o cara está lá navegando e nunca comprou um colete. Pode ser que o passageiro saiba nadar, mas pode ocorrer de ser um idoso, uma pessoa que não saiba nadar, uma mulher com criança. Então, existem alguns cuidados que podem ser tomados de forma antecipada a você iniciar a navegação e que podem evitar as tragédias”, orienta.

Veras destacou ainda que é muito comum as pessoas não seguirem recomendações básicas, como capacidade de navegação, por exemplo. Ele alerta que esse tipo de exposição é um fator predominante para que o risco seja ainda maior.

“A gente sabe que é muito comum os ribeirinhos sobrecarregarem essas embarcações, seja de carga ou pessoas, a embarcação vai quase no limite dela. Por exemplo, a embarcação tem capacidade para 500 quilos de carga, aí ele bota mil quilos, porque prefere levar mil quilos correndo o risco do que dar duas viagens. Isso é uma situação que está muito mais relacionada à conduta do operador, do ribeirinho. É uma situação de muito difícil fiscalização, porque não temos braços para estar perto dessas pessoas o tempo todo, mas todas elas, que trabalham nos rios, seja com pequena ou grandes embarcações, têm conhecimento dessa questão dos riscos, quantidade de peso, equilíbrio da embarcação.”

O militar também diz que cerca de 90% dos acidentes são decorrentes de falha humana.

“É o chamado efeito dominó. Nenhum acidente ocorre por um único fato isolado, mas sim por uma somatória de fatores que foram negligenciados e findam causando um acidente. Então, quais são essas as medidas: conhecimento do piloto da trafegabilidade, de onde ele tá indo, o rio, como está o nível, a correnteza. Importante também garantir que as pessoas estejam usando equipamentos de flutuação, caso seja necessário, e o equilíbrio das embarcações que muitas das vezes é a coisa mais comum – pessoas navegando com carga acima do que pode suportar”, finaliza.

Medidas de segurança podem evitar tragédias em acidentes em rios, orienta tenente  — Foto: Bombeiros
Medidas de segurança podem evitar tragédias em acidentes em rios, orienta tenente — Foto: Bombeiros

Por G1

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